sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Maias preparam a chegada do ano 5125 com um dos calendários mais precisos

Calendário Maia


Guatemala, (AFP) - Os preparativos para a chegada do ano 5125 no próximo domingo começaram entre os remanescentes na Guatemala dos maias - uma civilização que desenvolveu no passado uma contagem de tempo sofisticada e precisa.A celebração do final e início dos ciclos constituem acontecimentos transcendentes na vida espiritual e civil dos maias que, na atualidade, buscam resgatar, revalorizar e divulgar seus calendários, segundo seus dirigentes.O ano novo Ab' 5125 está previsto para começar no dia 22 de fevereiro do calendário gregoriano.


O também conhecido como Calendário Solar Maia "tem como função contar o tempo com base no registro das mudanças sazonais, entre outros fenômenos naturais e sua relação com atividades como a semadurara, colheita e vida civil dos povos", explica o funcionário Roberto Xoquic.Xoquic, secretário da Coordenadoria Institucional Indígena do Estado, destaca que o Ab' -que significa hamaca- consta de 365,24 dias divididos em 18 meses de 20 dias cada um, seguidos por um período de cinco dias chamado Wayeb'.Então cada Ab' (ano) equivale a "um hamaqueo" (rotação) da Terra em torno do Sol, segundo o livro Ciência maia aplicada à educação pré-primária e primária, do Conselho Nacional de Educação Maia."O Ab', além de um sistema de contagem do tempo, representa a sincronização das energias do cosmos e as da natureza que influem na vida do ser humano multidimensional", relata Xoquic.Cada Ab' é regido alternadamente por um ministro (Iq', Kej, E, No'j), energias associadas a cada um dos quatro pontos cardinais, que protegem o desenvolvimento da vida humana sendo, ao mesmo tempo, uma chave para catalisar as forças naturais.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fósseis encontrados na Argentina são elo perdido dos dinossauros


Foto: AFP: O elo perdido, batizado de 'Panphagia protos', foi considerado a ligação primitiva entre os bípedes...

BUENOS AIRES (AFP) - Fósseis descobertos na Argentina, pertecentes a um dinossauro onívoro, representam o ancestral mais antigo dos herbívoros gigantes, e estão sendo considerados um elo perdido com os carnívoros, revelou nesta segunda-feira uma fonte científica. "Trata-se de um onívoro, ou seja, de um ser que comia de tudo, que é um elo perdido entre os dinossauros carnívoros e os herbívoros gigantes de quatro patas", explicou Oscar Alcober, diretor do Museu de Ciências Naturais da província de San Juan, 1.200 quilômetros a oeste de Buenos Aires. Segundo Alcober, "esta é uma peça muito importante do quebra-cabeça sobre a origem dos dinossauros".

O cientista faz parte da expedição que, três anos atrás, encontrou os restos no Parque Ischigualasto-Vale da Lua, ao norte da capital de San Juan, no noroeste do país, onde foram realizadas as pesquisas para determinar sua natureza.

A notícia foi divulgada nesta segunda-feira por Alcober e Ricardo Martínez, chefe da área paleontológica do Museu, ao mesmo tempo em que foi publicada na revista científica virtual Plos One, dos Estados Unidos. "Decidimos divulgá-lo assim para contar com o aval da comunidade científica. E escolhemos a revista Plos One por ser um veículo 'online', o que favorece a democratização das ciências", afirmou Alcober. Alcober e Martínez coordenaram a expedição que descobriu os fósseis, em 2006.

O elo perdido, batizado de 'Panphagia protos', foi considerado a ligação primitiva entre os bípedes carnívoros e os gigantes herbívoros de quatro patas, denominados saurópodes, que viveram nos períodos jurássico e cretáceo da era mesozóica. "Em grego, Panphagia significa 'que come de tudo', e protos significa 'o primeiro'", indicou o cientista. Ao contrário de seus antepassados, o 'Panphagia protos', que tinha 1,5 metro de comprimento e 30 centímetros de altura, era onívoro, dono de uma mandíbula adaptada para se alimentar tanto de carne quanto de vegetais."Quando estudamos sua mandíbula, vimos que era mais frágil, e que seus dentes não eram como os dos carnívoros tradicionais", disse Alcober.A estrutura óssea do onívoro reflete também uma transição entre as duas espécies.

O diretor do Museu de Ciências Naturais indicou ainda que a descoberta permitiu situar em 35 milhões de anos antes a origem dos saurópodes, que "antes havia sido estabelecida em 205 milhões de anos atrás, e agora descobrimos que é de 240 milhões de anos"."Tivemos a sorte de achar quase 45% do esqueleto e uma variedade de todas as partes, o que tornou a reconstrução bastante fácil e muito rica em informação, porque às vezes só encontramos um osso", acrecentou Alcober.A expedição científica foi financiada pelo canal de televisão japonês TV Tokio, que filmou a escavação dos fósseis no parque Ischigualasto, conhecido como 'berço dos dinossauros'."Os japoneses sonhavam com a descoberta de um grande dinossauro, como o Argentinosaurus. Buscavam algo grande, não imaginavam que algo valioso também poderia ser pequenino", estimou.

A Argentina tem atraído a atenção do mundo científico desde que se tornou um verdadeiro "Parque dos Dinossauros", no fim dos anos 80, quando foram encontrados na província de Neuquén (sudoeste) restos do Argentinosaurus Huinculensis, o maior herbívoro conhecido, de 40 metros de comprimento.Em 1993, foram encontrados os fósseis do Giganotosaurus Carolinii, maior dinossauro carnívoro do mundo, entre outras dezenas de descobertas em sítios arqueológicos ainda em processo de exploração.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Arqueólogos egípcios descobriram a múmia mais bem conservada do mundo

Arqueólogos egípcios descobriram a múmia mais bem conservada do mundo em um sarcófago da necrópole da cidade histórica de Saqqara, no sul do Cairo, divulgou em comunicado nesta quarta-feira o Conselho Supremo de Antiguidades. O sarcófago foi encontrado em uma câmara mortuária que continha 30 múmias com cerca de 2,6 mil anos, datadas da dinastia XXVI. As informações são do diário espanhol La Vanguardia. Segundo o responsável pelas escavações e chefe da instituição, Zahi Hawass, a múmia está "completamente preservada no melhor estado possível" e poderia abrigar entre suas camadas de linho em torno de 100 amuletos usados para proteger os mortos. Um cão mumificado, que era enterrado para trazer sorte e acompanhar a pessoa na outra vida, também foi identificado no local.

Tumba
A tumba faraônica, onde as múmias foram descobertas, tem cerca de 4,3 mil anos e foi aberta pelos arqueólogos no início desta semana. O espaço data da sexta dinastia e pertenceu ao sacerdote Senjem, que viveu durante o Império Antigo (2575-2150 a.C). Feita de pedra calcária e localizada na zona de Gisr al Modir, ao oeste da pirâmide escalonada, foi construída para o faraó Zoser (2.650 a.C) pelo arquiteto e médico Imhotep.A cidade de Saqqara abriga a necrópole dos primeiros faraós egípcios e possui as tumbas mais antigas do país, em uma área arqueológica com mais de 7 km².
Terra on line
Colaboração Mirna Lanius Borella Bravo, Porto Alegre, RS

Arqueólogos encontram 30 múmias no Egito
CAIRO (Reuters) - Arqueólogos egípcios encontraram cerca de 30 múmias e pelo menos um sarcófago fechado dentro de uma câmara funerária com cerca de 4.300 anos, informou o governo na segunda-feira. Eles encontraram a câmara na parte oeste da pirâmide de Saqqara, uma das mais antigas do mundo, datada de cerca de 2.650 a.C.As múmias parecem ser de diferentes épocas. Uma delas é de cerca de 640 a.C, enquanto o sarcófago, feito de pedra calcária e selado com gesso, provavelmente é bem mais antigo do que isto."Achamos que é do Reino Antigo, talvez da Quinta Dinastia", disse o arqueólogo Abdel Hakim Karar à Reuters. A Quinta Dinastia comandou o Egito a partir de cerca de 2.494 a.C a 2.345 a.C.

É incomum encontrar câmaras funerárias intactas em necrópoles tão bem conhecidas como Saqqara, que servia a cidade de Memphis, porque ladrões rondavam a área durante a antiguidade.Os arqueólogos esperam abri-la ainda nesta semana. Eles podem encontrar amuletos em meio às ataduras das múmias.O comunicado do governo disse que outro sarcófago, feito de adeira, não foi aberto desde os tempos faraônicos, mas Karar afirmou que os antigos ladrões de tumbas podem tê-lo encontrado antes.Dentro dele, os arqueólogos encontraram a múmia completa de um homem chamado Badi Enhery, de acordo com as inscrições do sarcófago, segundo Karar.

A maioria das múmias estava em nichos nas paredes da câmara, que fica a cerca de 11 metros abaixo do nível do solo.

Arqueólogos mexicanos descobrem cova asteca do século 16

Restos seriam de guerreiros indígenas ou de índios que sucumbiram à peste bubônica trazida por conquistadores espanhóis.

Da BBC

Arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México anunciaram a descoberta de uma cova maciça contendo os restos mortais de 50 índios astecas embaixo dos restos da pirâmide de Tlatelolco, perto da Cidade do México. A cova é do século 16 e os arqueólogos acreditam que os restos mortais sejam de guerreiros astecas que teriam resistido à tomada de Tlatelolco pelo colonizador Hernán Cortés, ou de índios mortos pela peste bubônica trazida pelos espanhóis nos anos de 1545 e 1576.Segundo o INAH, este é um complexo funerário único na história arqueológica de Tlatelolco por causa da elaboração e da ordem com que os corpos foram dispostos, das dimensões da cova (10 metros por quatro metros), da época a que pertence e da posição dos enterros. Os restos têm características da população pré-hispânica, mas os corpos teriam sido enterrados seguindo as tradições católicas da época, todos com a boca para cima e os braços cruzados sobre o peito. "Os corpos foram enterrados em estilo europeu, o que demonstra grande cuidado dos espanhóis com os corpos. Parece que um padre católico teria supervisionado o funeral", disse o diretor da zona arqueológica de Tlatelolco, Guilliem Arroyo.

Os arqueólogos demoraram décadas para completar as escavações, já que seu trabalho foi interrompido várias vezes por conta de alertas de terremotos. Arroyo disse que a descoberta foi feita no fim de 2008.O sítio arqueológico de Tlatelolco é considerado o maior da Cidade do México.Além dos restos mortais foram encontradas peças de cerâmica - 85% delas corresponderiam ao período pré-hispânico e o restante ao período colonial, segundo o INAH.Também foram descobertos objetos de madeira laminada, cravos de metal e alguns botões feitos de osso, um anel e um colar de cobre entre outros objetos. Segundo Arroyo o tipo de dentição mostra que os restos eram de indígenas, mas que estariam associados a elementos coloniais.


O INAH agora está registrando e classificando sistematicamente os restos humanos com o objetivo de esclarecer sua origem.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Pior extinção da história traz lição sobre aquecimento global


Existe uma linha tênue que separa o alarmismo, o gosto midiático pela catástrofe, do alerta ponderado e necessário. Pode ser que, para muita gente, essa linha tenha sido cruzada – para o lado errado, o do exagero pelo exagero – no debate recente sobre o aquecimento global. O reflexo de atribuir qualquer catástrofe climática ao fenômeno, além de discutível do ponto de vista científico, decerto deixou ao menos algumas pessoas anestesiadas, e até céticas, diante da ameaça. Meu ponto aqui não é lançar dúvidas sobre a existência do fenômeno – acho difícil discordar que ele existe, é grave e tem participação humana, provavelmente majoritária. Não dá para minimizar as incertezas em relação a seus efeitos, já que ainda sabemos relativamente pouco sobre como o sistema climático funciona. O que dá para fazer, no entanto, é voltar nosso olhar para o passado da Terra e ver o que aconteceu quando uma forma descontrolada de aquecimento global tomou conta do planeta. E o cenário, nesse caso, não é nada agradável.

É difícil de evitar o tom apocalíptico ao descrever o que houve há 251 milhões de anos. Os paleontólogos já apelidaram essa forma amalucada de mudança climática de “a Grande Morte”, “a mãe de todas as extinções”, e por aí vai. Estamos falando da extinção em massa do período Permiano, a pior de todas as chamadas Big Five, como são conhecidos os cinco grandes desastres da história da vida na Terra. Ainda há buracos consideráveis no nosso conhecimento do desastre do Permiano, mas o quadro que está virando consenso entre os pesquisadores tem alguns pontos em comum: o sumiço de cerca de 90% das espécies vivas no mar e em terra firme; a ação de vulcões; e um efeito-dominó que envolveu um aumento cada vez mais acentuado da temperatura do globo.

O assustador é que, pelo visto, todas as causas da mortandade estão ligadas a fenômenos internos do nosso planeta, ao contrário da extinção que mandou os dinos para o céu dos lagartões bem mais tarde, há 65 milhões de anos – nesse caso, a culpa quase certamente é da queda de um meteorito com uns 10 km de diâmetro. Pelo que sabemos, nenhum tipo de bombardeio cósmico foi necessário para engendrar a catástrofe do Permiano, embora alguns cientistas tenham chegado a identificar a suposta cratera de impacto ligada à Grande Morte.


Gorgonopsiano

De volta para o passado
O mundo do Permiano era quase tão complexo e cheio de vida quanto o nosso. Embora os vertebrados voadores não existissem – pterossauros, aves e morcegos são “invenções” bem posteriores –, a vida em terra comportava uma multidão de répteis e anfíbios. Alguns dos lagartões eram aparentados aos ancestrais dos mamíferos e caçavam com a ajuda de dentes de sabre, como os gorgonopsianos, que você conferir na imagem ao lado. Outros eram herbívoros grandalhões e lerdos. Insetos voejavam pelas florestas, e o mar estava coalhado de recifes de coral bem diferentes dos atuais, por onde nadavam peixes esquisitões e cefalópodes (membro do grupo dos polvos e lulas) com casca, como os caramujos.

Ainda há dúvidas sobre quanto tempo foi necessário para virar esse mundo estranho e bonito de ponta-cabeça. Nas camadas de rocha que os paleontólogos estudam para determinar a sucessão de animais e plantas fósseis, o fenômeno parece instantâneo. Mas, numa época tão remota, o que a gente costuma chamar de “instante geológico” pode ter se estendido por até 500 mil anos, período que não passa de um espirro diante dos 4,5 bilhões de história da Terra.

Ainda há dúvidas sobre quanto tempo foi necessário para virar esse mundo estranho e bonito de ponta-cabeça. Nas camadas de rocha que os paleontólogos estudam para determinar a sucessão de animais e plantas fósseis, o fenômeno parece instantâneo. Mas, numa época tão remota, o que a gente costuma chamar de “instante geológico” pode ter se estendido por até 500 mil anos, período que não passa de um espirro diante dos 4,5 bilhões de história da Terra.

Seja como for, os principais concorrentes a iniciadores do desastre são imensos derrames de lava, os chamados traps siberianos, no leste da Rússia. Apesar da semelhança com a palavra inglesa para “armadilha”, trap na verdade é um termo sueco que quer dizer “escadaria”, por causa do formato que resulta desse tipo de erupção vulcânica. Os traps da Sibéria cobriram nada menos que 4 milhões de quilômetros quadrados, ou quase meio Brasil, com material vulcânico, a uma espessura que variava de 400 m a 3 km.

Uma erupção desse tamanho tem efeitos paradoxais. Primeiro, lança no ar quantidades estratosféricas de material particulado e dióxido de enxofre, o que escurece os céus do planeta, impede a passagem da luz solar e leva a uma espécie de inverno global prolongado. No entanto, esse é só o resultado de curto prazo. Quando essa sujeira é “lavada” pelas chuvas (que se tornam ácidas, destruindo a vegetação), o que realmente persiste na atmosfera por décadas é o dióxido de carbono que também foi emitido pela erupção. Caso você não esteja lembrado, essa substância, também conhecida como gás carbônico, é a principal responsável por reter calor na superfície da Terra.

Calor sustentável
O aquecimento global ligado apenas ao fenômeno vulcânico já seria suficientemente ruim. O paleontólogo britânico Michael Benton, da Universidade de Bristol, sugere que ele pode ter chegado aos 6 graus Celsius em seu livro “When life nearly died” (Quando a vida quase morreu). O problema é que o calor parece ter dado um jeito de se alimentar a si mesmo.

A pista a esse respeito está numa estranha “assinatura” do elemento químico carbono presente nas rochas do fim do Permiano. Os seres vivos se parecem um pouco com crianças mimadas quando o assunto é carbono: eles preferem muito mais “comer” uma variante do elemento do que outra. O “cardápio” de carbono preferido pelos seres vivos, que adquirem o elemento (direta ou indiretamente) por meio da fotossíntese é o carbono-12, forma “leve” do átomo. Isso significa que, normalmente, as rochas acabam ficando com quantidade relativamente elevada de carbono-13, mais “pesado”.

Acontece que as rochas do Permiano têm uma quantidade muito maior que a normal de carbono-12. Isso poderia significar que a fotossíntese sofreu um colapso nessa época, o que até faz sentido, mas apenas isso não seria suficiente para explicar as quantidades muito elevadas de carbono-12 nas rochas. A explicação mais provável é que o calor ligado ao vulcanismo foi tão forte que acabou liberando, do fundo do mar, imensas quantidades de metano, um gás-estufa muito poderoso originalmente produzido por bactérias e, por isso, enriquecido com carbono-12. Esse metano estava preso em “jaulas” de gelo – água congelada em cujo interior estava o gás – e teria subido com violência para a superfície.

Aí é que o bicho pegou de vez. Primeiro, o metano teria escapado em bolhas enormes, com grande violência, tornando trechos da água do mar e da atmosfera irrespiráveis por curtos períodos. O pior, no entanto, foi o que aconteceu depois. O metano tende a se combinar rapidamente com o oxigênio da água e do ar, produzindo mais gás carbônico. O processo todo não só diminui a oxigenação atmosférica e marinha como também torna a água dos oceanos mais ácida e menos propícia para os invertebrados marinhos que precisam de um ambiente alcalino para formar suas conchas ou invólucros. E, claro, mais dióxido de carbono significa mais calor – e, quanto mais quente a água, menos oxigênio se dissolve nela.

Em condições normais, as plantas poderiam retirar o dióxido de carbono do ar e da água por meio da fotossíntese, mas a chuva ácida ligada ao vulcanismo parece ter matado tantos vegetais que eles simplesmente não agüentaram o tronco. Vastas áreas de solo fértil, sem vegetação que o segurasse, foram varridas pela erosão, restando quase só rocha nua. No fim das contas, o ar se tornou tão irrespirável que viver ao nível do mar equivalia a escalar uma montanha de 4.200 m, compara o paleontólogo Peter Ward, da Universidade de Washington (Seattle, EUA).

Trilobita

Contagem de corpos

A comparação entre as espécies presentes antes e depois do evento de extinção é de deixar qualquer um acabrunhado. Em terra, nada menos do que 95% dos fósseis correspondem ao réptil herbívoro Lystrosaurus, vagamente parecido com um porco. No mar, recifes florescentes de vida são substituídos por duas ou três espécies de marisco – e mais nada. Os trilobitas (exemplares dos quais você pode ver acima), senhores dos mares por tantos milhões de anos, também partiram para sempre depois dessa. Ecossistemas inteiros deixaram de existir “instantaneamente” (ao menos do ponto de vista geológico). O mundo só foi recuperar algo equivalente à complexidade ecológica e à diversidade de espécies que existia antes da catástrofe cerca de 30 milhões de anos depois (para alguns, até 100 milhões de anos depois).


Ufa. Eu não sei quanto a você, mas estudar toda essa gama macabra de conexões me deixa zonzo. A primeira lição a ser tirada da hecatombe tem a ver, claro, com a sensação de aparente segurança que o ambiente do nosso planetinha nos dá. Lamento dizer que se trata mesmo de mera ilusão: a Terra é extremamente favorável à vida, mas também pode ser impiedosa em seus processos geológicos de longo prazo, de forma que nenhuma espécie, por mais bem adaptada e versátil que seja, pode se considerar a salvo da aniquilação.


Fora isso, no entanto, creio que o tema mais importante nos leva de volta aos intermináveis debates sobre o aquecimento global mencionados lá em cima. O fato de a humanidade ainda não ter lançado gás carbônico suficiente na atmosfera para imitar os vulcões das traps siberianas não me parece motivo para relaxo. O que a extinção do Permiano mostra, se os modelos atuais estiverem corretos, é o perigo de iniciar ricochetes imprevisíveis na maneira como a biosfera funciona caso uma variável importante – no caso, a temperatura – for perturbada de forma significativa. O fato de não sabermos com certeza quais serão esses ricochetes não é razão para deixar de se precaver. Ou alguém aí quer arriscar?

Por Reinaldo José Lopes - Visões da Vida Blog

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Antiga Bíblia em cirílico é encontrada no Chipre

Caligrafia pode dar pistas para datar Bíblia (Foto: Reuters)

Códice foi montado com pergaminho (Foto: Reuters)

NICOSIA (Reuters Life!) - Autoridades do norte de Chipre acreditam ter encontrado uma antiga versão da Bíblia escrita em cirílico, um dialeto da língua nativa de Jesus.


O manuscrito foi encontrado durante uma batida policial contra supostos contrabandistas de antiguidades. A polícia turco-cipriota afirmou acreditar que o manuscrito possa ter dois mil anos de idade. O objeto contém trechos da Bíblia escritos em letras douradas sobre velinos atados precariamente, segundo as fotos fornecidas à Reuters. Uma página traz o desenho de uma árvore, e outra oito linhas de escrita cirílica.

Entretanto, especialistas estão divididos quanto à proveniência do manuscrito e sobre este ser autêntico, o que o tornaria inestimável, ou uma fraude.Eles dizem que o uso de letras douradas no manuscrito torna provável que tenha menos de dois mil anos."Creio ser mais provável que tenha menos de mil anos", disse à Reuters Peter Williams, da Universidade de Cambridge e grande perito no assunto.Autoridades turco-cipriotas se apossaram da relíquia na semana passada e nove indivíduos estão sob custódia, aguardando maiores investigações. Mais pessoas ligadas ao achado estão sendo procuradas.As investigações ainda descobriram uma estátua de orações e um entalhe em madeira de Jesus que se acredita pertencer a uma igreja no norte, de domínio turco, assim com dinamite.A polícia acusou os detidos por contrabando de antiguidades, escavação ilegal e posse de explosivos.

O cirílico é um dialeto do aramaico, a língua nativa de Jesus, outrora falado em boa parte do Oriente Médio e da Ásia Central. Ele é usado por cristãos sírios e continua em uso na Igreja Ortodoxa Síria de Chipre, enquanto o aramaico ainda é utilizado em rituais religiosos de cristão maronitas no Chipre."Uma fonte muito provável do manuscrito pode ser a área de Tur-Abdin, na Turquia, onde ainda existe uma comunidade que fala o cirílico", disse à Reuters Charlotte Roueche, professora de Antigos Estudos Latinos e Bizantinos no King's College, de Londres.

Após uma análise mais aprofundada de fotos do manuscrito, JF Coakley, especialista em manuscritos da Universidade de Cambridge e membro do Wolfson College, insinuou que o livro pode ter sido escrito bem mais tarde."O texto em cirílico parece estar em linguagem cirílica oriental, com pontos nas vogais, e não se encontram manuscritos assim antes do século 15 aproximadamente.""Baseado em uma única foto, algumas palavras pelo menos parecem estar em cirílico moderno, uma língua que não foi posta no papel até a metade do século 19", disse ele à Reuters.

Por Sarah Ktisti e Simon Bahceli


foto arquivo virtual

Equipamento permite fazer visualização de múmia de 3.000 anos em 3D



A múmia de Meresamun, vista com equipamento de imageamento médico (Foto: Philips/Divulgação)


Uma múmia que ficou lacrada nos últimos 80 anos, com medo de ser danificada, finalmente pôde ser observada por pesquisadores americanos, graças a um avanço da medicina. Um novo aparelho de tomografia computadorizada em 3D, que foi originalmente projetado para ajudar a diagnosticar pacientes, permitiu que arqueólogos da Universidade de Chicago enxergassem o interior do sarcófago e encontrassem os restos de uma mulher com quase 3.000 anos.

A urna foi mantida intacta e lacrada pelos curadores do Museu Oriental da Universidade de Chicago por mais de 80 anos. Eles sempre relutaram em examinar a múmia com mais profundidade para não colocar em risco o valor histórico da descoberta e os adornos do sarcófago.

Os restos pertenciam a Meresamun, supostamente uma sacerdotisa em um templo em Tebas em 800 a.C. Os cientistas acreditam que as imagens tridimensionais obtidas pelo aparelho, fabricado pela empresa holandesa Philips, permitirão entender melhor sua vida, suas atividades e sua posição na antiga sociedade egípcia.



Urna contendo a múmia é colocada no aparelho de imageamento (Foto: Philips/Divulgação)



Equipamento permite visualização tridimencional do conteúdo da urna (Foto: Philips/Divulgação)

Globo on line

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...