terça-feira, 24 de setembro de 2013

Arqueólogos acham tesouros do Império nas obras do metrô

Em escavações na Leopoldina, 200 mil objetos, alguns do século XVII.
Entre os achados, está uma escova de dente que pode ter sido de Pedro II.

Do G1 Rio
 
Uma escova de dentes que pode ter pertencido a Dom Pedro II é achada em obras de expansão do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters) 
Uma escova de dentes que pode ter pertencido a Dom Pedro II é achada em obras de expansão do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
 
Um tesouro arqueológico foi achado nas escavações de um terreno, no Centro do Rio, nas obras do metrô. 

Entre peças inteiras e alguns fragmentos, são mais de 200 mil objetos, alguns do século XVII, informou o Metrô Rio. Os arqueólogos descobriram porcelanas e recipientes de vidro, alguns ainda com líquidos dentro, itens de higiene pessoal e até joias de ouro. Na época, não existia coleta de lixo e muitos objetos eram enterrados nos quintais das casas. 

A quantidade e qualidade do material encontrado são impressionantes”, afirmou Cláudio Prado de Mello, arqueólogo responsável pelo trabalho de pesquisa no local.

Esse tesouro todo estava na área da Leopoldina, nas obras da Linha 4 do metrô (Barra da Tijuca – Ipanema)

Alguns objetos, segundo os arqueólogos, pertenceram à Família Real portuguesa, como uma escova de dente bem acabada que traz a inscrição com o nome do imperador. Na escova de marfim está a inscrição em francês: "S M L’EMPEREUR DU BRESIL" (Sua majestade, o imperador do Brasil). Segundo o arqueólogo, ela pode ter pertencido a Dom Pedro II ou outro membro da Família Real portuguesa, que vivia ali perto, em São Cristóvão.

Além da inscrição, a tese é reforçada não só pela proximidade da região com o Palácio da Quinta da Boa Vista, mas também pelo fato de a história mostrar que a região da atual Leopoldina servia como local de descarte de resíduos provenientes do Palácio Imperial. Há ainda canecas com o brasão da família real, frascos de perfume e joias dos nobres da época do Império.

“Entre 50 centímetros e 2,5 metros da superfície encontramos peças de louça, vidro, porcelana, couro e até ouro. Com este trabalho, iniciado em março, é possível reconstituir o passado de toda essa região”, diz Cláudio.

Outros mostram curiosidades, como um vidro de desodorante, que na época era chamado de "anti-catinga", nome que aparece gravado no frasco. Os itens encontrados serão analisados e catalogados.

"A gente até tinha a ideia de encontrar um sítio arqueológico, só que ninguém imaginava que ia encontrar um sítio com essa complexidade e riqueza. E que poderia permitir reconstituir e resgatar o passado de gerações e gerações de brasileiros e estrangeiros a partir do que eles deixaram como resíduo", disse o arqueólogo.

As peças foram encontradas no terreno da Avenida Francisco Bicalho, ao lado da antiga estação de trens da Leopoldina, onde foi instalada a fábrica de anéis de concreto que serão utilizadas pelo Tatuzão, equipamento que vai escavar os túneis da Linha 4 do Metrô entre Ipanema e Gávea. O Metrô Rio informou que a equipe de arqueologia acompanha a execução das obras da Linha 4 para o caso de aparecer algum material durante as escavações. No entanto, na Leopoldina o serviço foi intensificado, pois já se tinha notícia da existência do sítio arqueológico.


Peça de cerâmica é exibida; vários objetos foram encontrados durante obra do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters) 
Peça de cerâmica é exibida; vários objetos foram encontrados durante obra do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
 
Arqueólogo Claudio Prado de Mello limpa peça de cerâmica encontrada durante obras de expansão do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters) 
Arqueólogo Claudio Prado de Mello limpa peça de cerâmica encontrada durante obras de expansão do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters)

sábado, 14 de setembro de 2013

Rede de túneis é descoberta sob complexo arqueológico romano

Sistema na Vila Adriana, perto de Roma, permitia que transporte de suprimentos fosse feito sem alterar calmaria do local.

Da BBC

Villa Adriana, construída no século 2, é considerada uma obra-prima arquitetônica (Foto: Reprodução/ BBC) 
Villa Adriana, construída no século 2, é considerada
                                                        uma obra-prima arquitetônica
                                                                (Foto: Reprodução/ BBC)
 
 
Uma rede de túneis foi descoberta sob as ruínas da Villa Adriana, na cidade de Tivoli, perto de Roma.

O complexo, construído para o imperador Adriano no século 2, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Assista (se necessário, desabilite o bloqueador de pop-up)

Agora uma equipe de especialistas em cavernas está mapeando a rede de túneis e descobriu que ela é ainda mais impressionante do que se pensava.

Os túneis, abandonados por muitos séculos, tinham movimentação intensa na antiguidade, servindo para o transporte de suprimentos entre os diferentes edifícios do complexo.

Tudo para que o trabalho ficasse longe dos olhos do imperador, preservando a calma e a beleza dos jardins e do complexo.

Túmulo de uma das quatro mulheres mais talentosas da China é achado

Shangguan Wan'er morreu no século 8 e era secretária da imperatriz.
Jovem tinha talento para poesia e gestão, mas foi condenada à morte.

Da EFE

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Epitáfio esculpido em pedra no interior da tumba recém-descoberta na China (Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP) 
Epitáfio esculpido em pedra no interior da tumba descoberta
(Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP)
 
 
O túmulo de uma das quatro mulheres mais talentosas da China antiga foi descoberto na cidade de Xianyang, província de Shaanxi, no noroeste do país, informaram nesta quinta-feira (12) as autoridades locais. Shangguan Wan'er, que viveu entre 664-710 d.C., ficou famosa por ser secretária da imperatriz Wu Zetian.

Os arqueólogos concluíram que o túmulo foi construído para Shangguan por causa das inscrições gravadas na lápide situada dentro do sepulcro.

A sepultura foi encontrada em mau estado de conservação, perto do aeroporto internacional Xianyang, em Xian, capital de Shaanxi. Junto dela, havia outros acessórios funerários, detalharam as autoridades do Departamento de Relíquias Culturais da província. O jazigo foi fechado enquanto os trabalhos de limpeza são feitos.

A descoberta do túmulo e de um epitáfio representa uma grande contribuição para pesquisa da história da Dinastia Tangs, destacou o investigador da Universidade Normal de Shaanxi, Du Wenyu, citado nesta quinta pelo jornal oficial "Global Times".

O pai e o avô de Shangguan foram funcionários importantes na China, mas acabaram assassinados em decorrência da oposição deles à ascensão de Wu.

Mais tarde, Shangguan e a mãe foram vendidas como escravas, até que a imperatriz transformou a jovem em sua secretária, pelos talentos demonstrados por ela na poesia e na administração dos assuntos de Estado.

No ano de 710 d.C., porém, Shangguan foi condenada à pena de morte após se envolver em uma conspiração para realizar um golpe de Estado.


Esculturas de cavalos são vistas no interior da tumba recém-achada (Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP) 
Esculturas de cavalos são vistas no interior da tumba na China
 (Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP)
 
 
Tumba de Shangguan Wan'er  (Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP) 
Parte externa da tumba de Shangguan Wan'er, morta no século 8 
(Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP)
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Lado de fora do túmulo (Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP) 
Entrada do túmulo achado perto de aeroporto no noroeste chinês
 (Foto: Shaanxi Provincial Cultural Reli/AFP)
 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sítio arqueológico é descoberto atrás da antiga Estação Leopoldina



A vasilha de louça foi um dos itens encontrados durante escavação
Foto: Guito Moreto / O Globo
A vasilha de louça foi um dos itens encontrados durante escavação Guito Moreto / O Globo
RIO — O design anatômico lembra as escovas de dentes vendidas nas farmácias. No lugar do plástico e das cerdas macias, porém, marfim cuidadosamente esculpido e espaços para tufos de pelo de porco. No cabo, uma inusitada inscrição em francês: “S M L’Empereur du Brésil” (sua majestade o imperador do Brasil). Descartável para presidentes e monarcas de hoje em dia, o item de higiene bucal e imperial muito provavelmente foi usado por dom Pedro II. Estava guardado há mais de um século no subterrâneo do terreno atrás da antiga Estação Leopoldina, no Centro.

É apenas uma entre milhares de relíquias que brotaram de um enorme sítio arqueológico explorado silenciosamente desde março por uma equipe de 26 profissionais e aberto pela primeira vez à visita de repórteres. O trabalho convive com o ritmo frenético de um canteiro de obras da Linha 4 do metrô, que financia a pesquisa. Ainda em fase de escavação — a análise criteriosa das peças será feita entre 2014 e 2015 —, as trincheiras já reconstituem hábitos sociais do século XIX, principalmente da elite e da família imperial, que usavam a região como área de descarte. Há, em menor número, itens dos séculos XVII e XVIII. Ao todo, são cerca de 200 mil objetos ou fragmentos localizados, 90% deles do século XIX.

— Não temos motivos para não acreditar que a escova foi produzida para o imperador, para a imperatriz ou para alguma princesa. A cerda de pelo de porco se perdeu, mas a escova sobrou — conta o arqueólogo e historiador Claudio Prado de Mello, que coordena a equipe.

Outra descoberta relevante é a área exata onde funcionou, entre 1853 e 1881, o Matadouro Imperial, local oficial de abate do gado que abastecia a cidade. Sabia-se que o matadouro era ali por causa de um pórtico preservado, mas vários resquícios estavam escondidos até o início das escavações.

Restou um largo calçamento de pé de moleque, ossos bovinos de aproximadamente 150 anos, ferros, ganchos e outros indícios que ajudarão a entender a metodologia do abate bovino da época. Mas a riqueza do matadouro é o piso original preservado da parte de fora do complexo, já que os prédios foram destruídos. Canaletas ao redor também indicam que o sangue dos animais tinha um caminho a ser percorrido rumo aos rios da região.

Já foram abertas pelo menos 11 trincheiras, os buracos onde arqueólogos, historiadores, biólogos e ajudantes trabalham sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Além da escova, já foram identificadas centenas de objetos, como uma garrafa de vidro produzida para a família imperial, caixas de fósforo escocesas, canecas com brasão do Império e até um anel e um prendedor de gravata de ouro. Recipientes de pasta de dentes feitos em louça têm destaque na coleção. Há sabores para todos os gostos, como lírio florentino e uma mistura de cereja, hortelã e pimenta. Tudo para “limpar e conservar os dentes e as gengivas”, diz uma embalagem, e “free from acid” (livre de ácido), diz outra.

Mello explica que, como não havia coleta de lixo, moradores cavavam buracos em seus quintais para enterrar resíduos. Quando não existia espaço no terreno, outros pontos eram escolhidos, em geral os baixos, que precisavam de aterro. Foi o caso da região conhecida hoje como Leopoldina, que já foi ocupada até por índios temiminós liderados por Arariboia antes de serem levados para Niterói no século XVI, explica o arqueólogo. A região entre a Cidade Nova e São Cristóvão era muito suscetível a alagamentos antes dos vários aterros feitos ao longo do século XIX.

— Quando dom João VI foi para o palácio de São Cristóvão, atual Museu Nacional, a solução foi criar um aterro, já que existia um grande pântano do Centro até lá. Esse alagado o incomodava. Em princípio era um passadiço, que virou rua e depois o chamado Caminho das Lanternas — diz Mello.

Para a outra escavação, a do metrô, são fabricados e estocados ali, diariamente, anéis de concreto do futuro túnel por onde passarão os trens que ligarão as estações General Osório e Gávea. A cada dia, a fábrica produz 18 metros de túnel. Enquanto as pilhas de aduelas vão tomando conta do terreno, cuja propriedade é dividida entre os governos federal e fluminense, os profissionais correm para resgatar o passado.

Mello chama a atenção para o grande número de materiais intactos. Isso se deve, em boa medida, ao uso do terreno ao longo do tempo. Não há registro de grandes construções por lá. O local foi estacionamento e área de manutenção de trens da antiga Estação Leopoldina e, posteriormente, da SuperVia. Mesmo sob o trânsito de pesadas composições, os objetos resistiram em profundidades de 50 centímetros a três metros.

Os achados são variados. Até frascos de vidro, provavelmente usados em farmácias, foram preservados com líquido dentro, de quase 200 anos. Tudo será levado ao laboratório. Também foram encontrados 110 recipientes de stoneware, material feito de argila filtrada, batida e cozida em fornos de alta temperatura, principalmente na Alemanha do século XIX. O Brasil importava água engarrafada nesses recipientes, que, depois, eram reutilizados.

— No século XIX, foi descoberta no Distrito de Nassau, na Alemanha, uma fonte de água com propriedades curativas. Existia, na Europa, uma indústria de garrafas stoneware, que são extremamente resistentes — diz o arqueólogo.

Cachimbos também saíram do subterrâneo. No sítio no Cais do Valongo, não muito longe dali, foram achados os usados por escravos africanos. Na Leopoldina, boa parte vem da Europa. São cachimbos que pertenceram a marinheiros que chegavam aqui em navios comerciais e se dispersavam pela cidade. Há pequenas esculturas nas pontas. Uma delas mostra uma figura turca, bastante expressiva. Outra, um homem pedalando numa bicicleta.

Como há de tudo no lixão, também surgiu da terra uma garrafa de vidro usada para água gasosa com a inscrição, em alto relevo, “To the Royal Family” (para a família real). Também há moedas de várias épocas.

Até o fim do ano, todos os buracos serão fechados provisoriamente com um material de proteção, para que as partes do futuro túnel do metrô possam ser estocadas. A fábrica dos arcos deve terminar sua produção apenas em 2015. Em 2016, as trincheiras serão reabertas para captação de novos objetos históricos. 

Depois, o Iphan escolherá o destino do material. Superintendente do Iphan no Rio, Ivo Barreto diz que a riqueza arqueológica do sítio do matadouro surpreendeu. Segundo ele, há conversas iniciadas com o governo estadual sobre a criação de um centro de arqueologia que abrigue novas descobertas, inclusive as do matadouro, e trabalhe aliado a universidades:

— É viável pensar num processo de desenvolvimento que não abale a memória do Rio, e isso é demonstrado com clareza no matadouro. Ali é feita uma obra importante, foi encontrada uma solução viável para proteger o sítio e continuar depois o trabalho. O acervo do matadouro tem uma escala que não esperávamos, felizmente.

Subsecretário estadual da Casa Civil, Rodrigo Vieira conta que os prazos curtos da obra conviveram bem com a pesquisa:

— Fomos ajustando nossos cronogramas para atingir um objetivo comum entre redescobrir e preservar a História e fazer uma linha de metrô que atenderá 300 mil pessoas por dia.

Tesouro do Valongo ainda está em contêineres
O cruel cotidiano de pelo menos 500 mil escravos que chegaram ao Brasil pelo Cais do Valongo, na Zona Portuária, foi detalhado num trabalho arqueológico de equipes do Museu Nacional, iniciado em março de 2011, durante as obras da primeira fase do Porto Maravilha. Depois de concluída a obra, há quase um ano, milhares de objetos ficaram guardados em contêineres na Praça dos Estivadores, também na Zona Portuária. Reportagem do GLOBO de janeiro deste ano mostrou que as peças estavam armazenadas precariamente, expostas ao tempo. O material foi guardado depois, mas continua em contêineres e só deve ser transferido em dezembro.

O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade anunciou, em julho, que os objetos do Valongo poderão ser vistos pelo público até o fim deste ano, quando o Centro Cultural José Bonifácio será reinaugurado num casarão da Gamboa, depois de ser restaurado a um custo de R$ 3,4 milhões. São cachimbos, amuletos e pulseiras, entre outros objetos que serão expostos em mostra permanente no centro, que fará parte do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/sitio-arqueologico-descoberto-atras-da-antiga-estacao-leopoldina-9942607#ixzz2eleiJJ2Q
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