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sábado, 14 de abril de 2018

Pedras fundamentais de Stonehenge estavam lá antes da Humanidade existir

Segundo arqueólogo, a localização do monumento não foi escolhida ao acaso, mas por um fenômeno naquela posição específica.


Feito em algum ponto entre 5 mil e 4 mil anos atrás, Stonehenge é desses lugares com uma aura de mistério. Como pedras de até 50 toneladas foram carregadas para lá, de uma pedreira a 30 km de distância, como foram empilhadas e por quê?
Essas perguntas tem respostas hipotéticas (veja ao final). Mas uma outra acaba de ser respondida a contento: por que foi feito onde foi? E não, digamos, convenientemente perto das pedreiras?
O arqueológo independente Mike Pitts, que fez extensas escavações no local no fim dos anos 70, acaba de publicar um estudo que, acredita, responde a isso. Numa longa matéria no Journal of British Archaeology("Journal de Arqueologia Britâniica), argumenta  que as partes mais fundamentais de Stonhenge sempre estiveram lá. 
Ao lado das chamadas Pedra do Calcanhar e a Pedra 16, havia indícios de covas naturais. O que, segundo ele, indica o local onde as pedras estavam originalmente, por possivelmente muitos milhões de anos. Elas simplesmente foram escavadas e levantadas numa nova posição. 
As duas pedras projetam uma sombra alinhada ao centro do monumento nos solstícios de verão e inverno. Como essas sombras parecem ter sido absolutamente fundamentais no funcionamento do monumento, a ideia é que as pessoas do neolítico notaram isso, as tornaram um ponto de reverência, e o monumento surgiu em volta delas. A Pedra do Calcanhar, inclusive, não foi trabalhada, mas mantida ao natural.
Pitts afirma que não tem certeza absoluta de que sejam essas duas pedras as que estavam nas covas — testes químicos serão necessários para provar que elas não vieram da mesma pedreira que as outras, ou que não há outras pedras originais. Mas se mantém firme na teoria de que já havia algo no local de Stonehenge antes de Stonehenge. 
"Nada disso quer dizer que Stonehenge é uma criação mesolítica, de caçadores-coletores, e não povos agrícolas", afirma Pitts em seu blog. "Stonehenge em si continua, pelas evidências atuais, sendo algo que começou por volta do ano 3000 a.C. O que estou sugerindo é que, quando isso aconteceu, o local já estava atraindo as pessoas por provavelmente uma variedade de razões."
Assim como as pirâmides, Stonehenge não é um mistério tão grande assim. Testes práticos confirmaram algumas hipóteses principais, de que era possível, sim, fazê-lo com tecnologia neolítica. O mais aceito é que as pedras foram levadas com trenós ou troncos, empilhadas através de cordas, hastes e rampas, e o local era um templo com significado astronômico ligado ao solstício de inverno — um sentido que, de acordo com uma teoria mais recente, pode ser até sexual.
Na ilustração do arqueólogo, a Pedra do Calcanhar (heelstone) aparece no canto superior direito, a Pedra 16 (Stone 16), no inferior esquerdo. Borrões vermelhos indicam as covas Mike Pitts

Fábio Marton

Mais de 50 geoglifos são descobertos em deserto de Nazca, no Peru

Com drones e imagens de satélite, arqueólogos peruanos descobriram mais de meia centena de misteriosas linhas e geoglifos no deserto de Nazca, Peru, com mais de 2000 anos de antiguidade.

"Identificamos novos geoglifos, no total estamos falando de uns 15 a 20 grupos de figuras, que se identificamos individualmente estamos falando de entre 50 e 60 figuras novas", disse à AFP o arqueólogo Johny Isla, um dos responsáveis pela descoberta, junto com seu colega Luis Jaime Castillo.

As novas linhas teriam sido traçadas antes das famosas linhas de Nazca e estão situadas nas colinas que circundam os valles de Palpa, longe de onde estão localizadas as de Nazca mas na mesma região costeira de Ica, sul do Peru.

A descoberta compreende figuras humanas, aves e felinos, que com o passar do tempo e os ventos na zona se tornaram imperceptíveis para o olho humano no nível da superfície.
"Estes geoglifos são mais antigos que os da cultura Nazca. Pertencem às culturas Paracas e Topará, que são bastante desconhecidas", afirmou Isla.
A descoberta foi publicada na última edição da revista National Geographic.

"A maioria destas figuras é de guerreiros", afirmou Castillo, partidário do uso de drones para tarefas arqueológicas, citado na revista.
"Estes podiam ser vistos a partir de certa distância, de modo que as pessoas os haviam visto, mas com o tempo ficaram completamente apagados", acrescentou.
Segundo os pesquisadores peruanos, que contaram com o apoio de colegas americanos do projeto GlobalXplorer, algumas das imagens descobertas poderiam remontar a um período que abarca entre os anos 500 a 200 antes da era cristã. Os arqueólogos estão convencidos, no entanto, de que os geoglifos foram feitos durante a civilização da cultura Nazca, cujos habitantes ocuparam a zona do anos 200 ao 700 da era cristã.
As famosas linhas de Nazca, reconhecidas como Patrimônio da Humanidade, são geoglifos de mais de 2.000 anos de antiguidade com figuras geométricas e de animais, que só podem ser apreciadas a partir do céu. Seu significado real é um enigma: alguns pesquisadores as consideram um observatório astronômico, outros um calendário.

AFP/WWW.GLOBO.COM

quarta-feira, 21 de junho de 2017

E’ il solstizio d'estate, il giorno più lungo dell’anno

Redazione ANSA  
Il caldo è scoppiato da giorni, ma adesso si può dare ufficialmente il benvenuto all'estate: il 21 giugno infatti è il solstizio d'estate, che è anche il giorno più lungo dell'anno, con oltre 15 ore di luce. Il solstizio è scattato poco dopo l'alba, alle 06,24, italiane. In quel momento ''il Sole ha raggiunto la sua massima distanza angolare a Nord dall'equatore celeste, che è la proiezione in cielo di quello della Terra'', ha spiegato l'astrofisico Gianluca Masi, responsabile del Virtual Telescope.


 Una conseguenza del solstizio estivo, ha osservato Masi,''è che la durata della porzione diurna del giorno sarà massima per il nostro emisfero. A Roma, ad esempio, il Sole è sorto alle 5,34 e tramonterà alle 20,48, restando al di sopra dell'orizzonte per quasi 15 ore e 14 minuti. Naturalmente, per l'emisfero australe questo giorno segna il solstizio invernale''.
Il termine solstizio, ha proseguito, deriva dal comportamento del Sole nel cielo e viene dal  termine latino solstitium, composto da sol-, Sole, e sistere, fermarsi. ''Proprio in questa data - ha detto - il Sole sembra infatti fermare la sua ascesa, per poi iniziare a riavvicinarsi all'equatore celeste, dapprima impercettibilmente, poi sempre più rapidamente, fino all'equinozio d'autunno''.

Stonehenge solsticio verão 2017



imagens WEB
21 junho 2017

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

La Crónica de Nabónido (555-540 a.C.)

 La Crónica de Nabónido (555-540 a.C.)
Da página Arqueologia biblica Facebook

fue traducida al persa moderno por primera vez por el arqueo-astrónomo Reza Moradi Ghiasabadi. La tablilla, que da, año tras año, una breve narración de los acontecimientos acontecidos durante el reinado de Nabónido, el último rey de Babilonia, el cual encaja perfectamente con el contexto narrado en la biblia de la historia de aquel tiempo y suceso. Se mantiene en el British Museum. "La tablilla de arcilla fue escrita en neo-babilónico por orden de Ciro el Grande", dijo Moradi al servicio persa de la agencia de noticias CHN. "Dado que gran parte de la tablilla está dañada, es imposible leerla directamente en su totalidad. La traducción se basa en los textos de las traducciones inglesas de la tablilla. Sin embargo, he utilizado el texto original babilonio de la tablilla para escribir con precisión algunos de los nombres", agregó. "La crónica, que fue descubierta en el palacio real de Babilonia, es más antigua que el Cilindro de Ciro (539-530 a.C.) y nunca había sido traducida al persa hasta ahora", explicó.

La tablilla fue descifrada y publicada en inglés por primera vez por D. D. Luckenbill de la Universidad de Chicago en 1926. Otras traducciones fueron publicadas por J. B. Pritchard en 1950 y por A. K. Grayson en 1975, y la última edición fue propagada por C. B. F. Walker en 1982. Según Moradi, "a pesar de que la tablilla está dañada y es muy corta, es muy significativa en varias formas". Y añadió: "En primer lugar, es el documento más antiguo del reinado de Ciro el Grande. Además, es la fuente más antigua que narra la conquista de Ciro de otros países, como Babilonia. La tablilla, a su vez, es el texto más antiguo que narra la victoria de Ciro sobre Astiages, el último rey medo”. Como conclusión indicó: “La crónica pueLa Crónica de Nabónido (555-540 a.C.)de ser considerada como un texto de gran valor, puesto que registra la historia con honestidad, con neutralidad, sin ningún tipo de exageración o subestimación, sin ningún tipo de insulto o alabanza, incluso para los dioses o reyes".

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Neoa-JBS integra Semana Municipal da Arqueoastronomia


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Ter, 21 de Junho de 2016 16:33
verao
Vai até o dia 23 de junho a mostra sobre arqueoastronomia no hall de entrada do Câmpus Florianópolis. A exposição é organizada pelo Núcleo de Estudo e Observação Astronômica “José Brazilicio de Souza” (Neoa-JBS), vinculado ao Câmpus Florianópolis, e integra a Semana Municipal da Arqueoastronomia.


Na segunda, dia 20, o Neoa participou da 34ª Caminhada Arqueostronômica do Instituto Muldisciplinar do Meio Ambiente e Arqueoastronomia (IMMA). Foi feita a observação do nascer da lua cheia, que este ano teve a mesma data que o solstício de inverno. No Brasil, a última vez que houve essa coincidência foi em 1948 e a próxima será em 2054.

Semana Municipal da Arqueoastronomia

O município de Florianópolis instituiu em 2006, através da Lei nº 7202, a Semana Municipal de Arqueoastronomia, que é comemorada anualmente entre os dias 18 e 24 de junho. O objetivo básico da Semana é a promoção de palestras, cursos e outras atividades que ressaltem a importância da Arqueoastronomia em escolas, parques e espaços públicos, conscientizando a população sobre a necessidade de preservação de sítios arqueológicos cujas construções tiveram sua motivação inicial nas observações astronômicas (solstício, equinócios, etc).

Foto: nascer do Sol no solstício de verão, Pedra do Frade, Barra da Lagoa. Crédito: Alexandre Amorim)

Com informações do Neoa-JBS.

http://florianopolis.ifsc.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1482%3Aneoa-jbs-integra-semana-municipal-da-arqueoastronomia&catid=44%3Anoticias&Itemid=134

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

'Stonehenge da Amazônia', o observatório astrológico erguido há mais de mil anos na floresta



BBC - Em meio à Floresta Amazônica, existe um patrimônio arqueológico pouco conhecido até mesmo entre os brasileiros.
Descoberto em 2006, este observatório astrológico pré-colonial é composto por 127 blocos de granito com três metros de altura e teria sido construído há mais mil anos, segundo cientistas.
Localizado no Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, o chamado "Stonehenge da Amazônia" demarca movimentos cosmológicos, como o nascer do sol do solstício de verão, que cai neste ano no 22 de dezembro.
Agora, há planos de fazer no local um parque nacional arqueológico, com visitas guiadas, para que o público possa conhecer mais as civilizações que viveram na região antes da chegada dos europeus.
Videojornalista: Gibby Zobel
Agradecimentos ao Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Descoberto na Inglaterra 'Stonehenge' cinco vezes maior que original

Pedras de 4,5 mil anos estão enterradas a um metro de profundidade.
Monumento pode ser maior estrutura neolítica da Grã-Bretanha.

Da BBC Brasil
Simulação  do Ludwig Boltzmann Institute da localização das pedras encontradas (Foto: BBC)Simulação do Ludwig Boltzmann Institute da localização das pedras encontradas (Foto: Ludwig Boltzmann Institute/BBC)
Arqueólogos acreditam que cerca de cem monolitos descobertos a poucos quilômetros do misterioso monumento arqueológico de Stonehenge poderiam ser a maior estrutura neolítica da Grã-Bretanha.
As pedras de 4,5 mil anos, algumas com mais de 4 metros de altura, estão enterradas a cerca de um metro de profundidade e foram identificadas com o uso de um radar no "Super-henge" de Durrington Walls, um enorme círculo de pedras, muito maior do que Stonehenge, na mesma região do monumento.
O monumento, que teria 1,5 km de circunferência e 500 m de diâmetro, é de uma "escala extraordinária" e único, de acordo com os pesquisadores. A área de Durrington Walls teria cinco vezes o tamanho de Stonehenge.
O grupo de cientistas do Stonehenge Hidden Landscapes está trabalhando em um mapa subterrâneo da área há cinco anos.
Arqueólogos buscam pedras próximo a Stonehenge (Foto: BBC)Arqueólogos buscam pedras próximo a Stonehenge (Foto: BBC)
O novo monumento fica a apenas três quilômetros de Stonehenge e, acredita-se, era um lugar destinado a realização de rituais.
As pedras foram erguidas ao lado de uma vala circular escavada na terra, formato característico dos henges, nome dado a um tipo específico de aterro do Período Neolítico que consiste em um área terraplanada em forma circular ou oval com uma vala interna cercando outra área circular de cerca de 20 m de diâmetro.
Os cientistas descobriram que as pedras ficavam de pé, no que poderia ser um monumento mais impressionante que o vizinho.
"Achamos que não há nada como isso no mundo", disse o pesquisador que liderou o grupo, Vince Gaffney, da Universidade de Bradford. "Isso é completamente novo e a escala é extraordinária."
Uso de radar permitiu mapear estrutura sem fazer escavação
"A presença do que parecem ser pedras, cercando o local de um dos maiores estabelecimentos neolíticos da Europa, acrescenta um novo capítulo à história de Stonehenge."
As descobertas estão sendo anunciadas no primeiro dia do Festival de Ciência Britânico, na Universidade de Bradford.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Arqueoastronomia: o canibalismo do indígena brasileiro associado à astronomia

Por Audemário Prazeres
10/10/2009
“O arqueólogo não escava objetos, mas civilizações”, dizia Sir Mortimer Wheeler. E com razão: foi através do exame meticuloso de documentos, monumentos e peças de arte, “testemunhos” arqueológicos deixados por nossos antepassados, que a arqueologia reconstituiu parte da história da humanidade. A arqueoastronomia, por sua vez, destina-se a estudar o conhecimento astronômico dos povos antigos, em especial do homem pré-histórico e daqueles que deram início às civilizações. Surgida no final do século passado, a moderna arqueoastronomia (ou arqueologia astronômica), tem como precursor e fundador o astrônomo inglês Sir Norman Lockyer (1836-1920), que se dedicou ao estudo dos alinhamentos das pirâmides egípcias e das construções megalíticas (de mega = grande; lítico = pedra) inglesas e francesas, em relação às estrelas, ao Sol e à Lua. 

http://www.labjor.unicamp.br/comciencia/img/astronomia-2/img/RP_Prazeres/img1.jpghttp://www.labjor.unicamp.br/comciencia/img/astronomia-2/img/RP_Prazeres/img2.jpg
À esquerda, Sir Mortimer Wheeler. À direita, Sir Norman Lockyer.
 
Para o homem pré-histórico, o firmamento tinha um significado bem diverso do que, imaginamos, tem para nós, homens modernos. Para eles, sem a poluição luminosa das grandes cidades, a harmonia da imensa abóbada noturna de pontos luminosos situada imediatamente acima de suas cabeças – bem como a Lua e, durante o dia, o Sol e sua fonte de luz (que aquecia e, igualmente, cegava) – regia e ordenava a sucessão de fenômenos que ocorriam no espaço terrestre em que viviam, tornando-se, assim, nessa visão de mundo, o componente principal de sua existência. 

A astronomia é considerada a mais antiga das ciências e a que desempenhou o mais importante papel em toda a história da humanidade. Sendo assim, a criação da arqueoastronomia tem um papel fundamental nesse contexto. Pois o mais primitivo ser humano, nosso antigo ancestral, se interessou em observar os fenômenos astronômicos que ocorriam à sua volta e, na medida do possível, tentou compreendê-los. Sem saber, ele já estava praticando a astronomia. Entretanto, os primeiros registros da astronomia só ocorreram por volta de 3.000 a.C.

Para as tribos mais antigas, os astros tinham muita importância prática. O Sol fornecia calor e luz durante o dia, e a Lua, luz durante a noite. Ou seja, inicialmente, a atenção dos homens primitivos era atraída para os corpos celestes que afetavam diretamente sua vida cotidiana. O desconhecimento da verdadeira natureza dos astros e os sentimentos de curiosidade, admiração e temor por eles produzidos, levou-os a acreditar na sua natureza divina. O Sol era um deus e a Lua uma deusa. As estrelas eram luzes fixas num hemisfério sólido sob o qual se estendia a terra plana. Foi com esses conceitos que mais adiante se constituiu a astrologia (“ciência das adivinhações”).

A riqueza de conhecimentos astronômicos associados à cultura dos nossos povos indígenas é absolutamente fantástica. É bem verdade que essa gama de cultura associada aos astros é encarada, nos tempos atuais, como algo lúdico, folclórico, místico, entre outros conceitos. Mas temos que levar em conta as circunstâncias do saber científico daquela época e a própria cultura de algumas etnias.

Os portugueses encontraram o Brasil povoado por numerosos grupos indígenas, entre os quais se constituíam como principais os Tupis-Guaranis, que viviam no litoral brasileiro. À época do descobrimento e da colonização, era a seguinte distribuição dos Tupis-Guaranis:

- Os Tupinambás ocupavam trechos das costas brasileiras que se estendiam desde o Maranhão, até os arredores da antiga Baía da Guanabara.

- Os Potiguares ocupavam o atual estado do Rio Grande do Norte e parte da Paraíba.

- Os Tabajaras viviam no litoral de Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e São Vicente.

- Os Caetés viviam na região compreendida entre a Paraíba e a foz do rio São Francisco.

- Os Tupiniquins, que foram os índios com os quais os portugueses entraram em contato pela primeira vez, viviam na Bahia.

- Os Tamoios , notáveis pela resistência (em relação aos portugueses), ocupavam o Rio de Janeiro e São Paulo.

- Os Carijós e os Tapes ocupavam toda a área litorânea compreendida entre o Paraná e o Rio Grande do Sul.
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Corte cultural padrão nos cabelos dos Tupinambás. Ilustração: Adeumário Prazeres. 

Os nossos índios viviam agrupados em “nações”, que eram governadas por um chefe chamado “tuxaua”, tendo ainda um chefe guerreiro chamado “morubixaba”, e um chefe religioso chamado de “pagé”. O pagé era o chefe tribal mais respeitado, e se achava revestido de funções mágicas, medicinais e religiosas. Cabia ao pagé prever a chegada das chuvas e os acontecimentos relacionados com a vida da nação (paz, guerra, boas e más colheitas etc), além de curar doenças e conduzir rituais que levavam à “passagem” entre o nascimento, casamento e morte. Nesse ponto, vemos mais marcantes as “influências” dos astros no dia-a-dia de cada aldeia (nação). 

Podemos, claramente, perceber que o conhecimento dos mais longínquos ancestrais dos remanescentes índios brasileiros já tinham noção sobre astronomia. Vemos esse conhecimento ricamente contido em suas lendas e crenças de formação da abóbada celeste e do nosso planeta, com a vida aqui existente. Esses conhecimentos foram repassados de geração em geração na forma oral, inseridos nos seus costumes.

Os Tupis-Guaranis se baseavam na crença de que as forças da natureza, tais como o trovão, o Sol, as tempestades, eram um simbolismo das moradas dos deuses. Eles necessitavam de “adorações”, para permanecerem calmos, diminuindo sua fúria. Dentre as divindades mais importantes, destacamos: Monan, criador do céu e da terra; Iara, a mãe dos rios e oceanos; Tupã , deus relacionado ao trovão; e a Caapora, divindade presente nas florestas.

Mas, quando falamos sobre atos de canibalismo ou antropofagia dos índios brasileiros, nos deparamos com essa prática de maneira mais marcante com os índios Tupinambás, apesar de encontrarmos registros de que os índios Cariris (Kariri), presentes de forma mais marcante entre Alagoas e Pernambuco, também cultuarem os rituais de canibalismo. Identificamos sub-grupos dos Cariris no vale do São Francisco nos séculos XVII e XVIII, mas encontramos registro da sua permanência em outras regiões, que compreendem a Chapada do Araripe, o Sertão de Alagoas, a Paraíba e outros estados do Nordeste.

Podemos situá-los fortemente na cidade de Palmeira dos Índios, município brasileiro do estado de Alagoas , que, em 2004, tinha uma população estimada em 69.211 habitantes. A cidade ocupa terras que foram um dia uma importante aldeia dos índios Xucurus-Cariris, onde foi criada uma freguesia, em 1798, passando a ser vila em 1835 e elevada à categoria de cidade em 1889. O famoso escritor alagoano Graciliano Ramos já foi prefeito de Palmeira dos Índios.
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Um “astronauta” Cariri. Ilustração: Adeumário Prazeres.
 
Os Cariris tinham uma vestimenta feita de palhas, chamada de praiá, utilizada nos seus rituais regiliosos. Se utilizarmos a nossa imaginação, vemos que um ato bem comum das civilizações antigas era adorar os astros e os fenômenos que nele surgiam. Pois bem, podemos sugerir, ao vermos um índio Cariri vestindo um praiá, tratar-se de uma vestimenta alusiva aos astronautas. Se não, vejamos: observe, no desenho reproduzido acima, que o alto de sua cabeça nos faz lembrar uma antena; e a parte que lhe cobre o rosto, um capacete; e as demais partes do praiá, cujas pontas encontram-se soltas, imaginemos, no momento da sua dança, o índio “flutuar”, como se estivesse em um ambiente sem gravidade. Todas essas conjecturas não podem ser totalmente descartadas, uma vez que apresentam um certo sentido lógico. 

Com relação ao ato de “comer pessoas”, por parte dos Tupinambás, na verdade, temos que entender que estamos lidando com um rigoroso ritual nobre desse povo, e não como uma “gastronomia típica ou “escassez” de carne na região, ou ainda algo simbolizando serem “índios sanguinários”.

Esse ato de canibalismo era uma forma de bravura, um gesto honroso de uma cultura de seus antepassados. Assim sendo, os Tupinambás visavam, prioritariamente, a captura de seus prisioneiros, em especial, os europeus ainda vivos. Esse interesse era latente por parte dos guerreiros Tupinambás. Em alguns registros de época daquelas pessoas que conseguiam fugir, vemos que os índios levavam trançados de corda apoiadas em seus pescoços para capturar seus inimigos e levá-los para a aldeia.

Essa captura exigia um código de ética entre os guerreiros, pelo qual o prisioneiro pertencia àquele que primeiro o tivesse tocado. Isso, na prática, resultava em alguns momentos em disputas violentas entre os guerreiros Tupinambás. Afinal, não era comum apenas um guerreiro capturar um inimigo, esse ato era feito por dois ou mais guerreiros ao mesmo tempo. Nesse caso, quando havia disputa de interesse pelo prisioneiro, o mesmo era abatido no local e retalhado entre os que disputavam sua posse.

Por outro lado, o chefe da tribo exigia que suas ordens fossem cumpridas, e que o capturado chegasse ainda vivo na aldeia, para que as mulheres pudessem vê-lo e para celebrar o ato de antropofagia com muita festa. Já aqueles prisioneiros abatidos no campo de batalha tinham seus corpos desmembrados em partes, que depois eram assadas e comidas no local ou levadas para a aldeia. No desenho abaixo, vemos o prisioneiro amarrado pela cintura e segurado por dois índios, tendo um outro com o maracá no momento do abate de sua vítima. 

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Ritual Tupinambá, em que o prisioneiro e o maracá eram enfeitados
com plumas e tintas coloridas. Ilustração: Adeumário Prazeres. 

Mas o que ocorria com aqueles que foram capturados vivos e levados para a aldeia? Inicialmente, o guerreiro responsável pela captura era recebido com honrarias, tendo as mulheres mais velhas lançado cinzas em suas costas, simbolizando “recompensas” pela façanha. 

O grupo de guerreiros vitoriosos entrava na aldeia de maneira triunfal, agrupava seus prisioneiros em um círculo e lhes entregava um “maracá” para que eles dançassem e agitassem o mesmo. Nesse instante, havia um discurso por parte dos guerreiros: “Partirmos, como fazem os bravos, para prender-vos e devorar-vos, a vós, nossos inimigos. Fostes, porém, mais felizes e caístes prisioneiros. Não nos queixamos da sorte. Os valentes de verdade morrem na terra dos seus inimigos. Nosso país é grande e os patrícios se vingarão de vós”. Ao final desse discurso, os capturados eram obrigados a dizerem, gritando: “Eu, a vossa comida, cheguei”.

Um fato curioso é que o guerreiro mudava de nome e se as mulheres velhas tivessem comido a carne do capturado, elas também mudavam de nome. Já aqueles capturados que se mostravam vigorosos no momento da luta e no aprisionamento eram identificados como “perigosos”, sendo amarrados pelo pescoço com quatro cordas, tendo ainda suas mãos também amarradas abaixo do seu queixo. Nesse momento de apresentação aos demais da aldeia, o preso era insultado e maltratado, tendo suas partes do corpo marcadas com mordidas por aqueles que iriam devorá-lo depois.

Por outro lado, aqueles capturados e considerados menos perigosos eram amarrados todas as noites a uma árvore e lhes forneciam uma rede para que dormissem comodamente, sendo tratados como “meu bichinho cativo”. Uma coisa é certa, todo capturado era transformado em escravo do guerreiro detentor de sua posse. Havia escravos que eram dados de presente a outros Tupinambás, sendo esse ato algo muito honroso. Se o guerreiro tinha algum filho, esse recebia o escravo também como presente, sendo então a sua primeira vítima e a condição para esse filho ter o seu primeiro título (nome). 

Onde encontramos a astronomia nos rituais de canibalismo? 
O prisioneiro escravo era depilado e tesourado como um Tupinambá (corte de cabelo). Sua condição diferencial dos nativos era o fato dele possuir no pescoço uma grossa corda (tipo um colar), bem dura, feito madeira, tendo ainda uma espécie de franja, na qual possuía um nó especial que só o guerreiro detentor sabia desatar.

Esse tipo de colar de corda no pescoço do capturado tinha um significado ainda maior do que apenas diferenciá-los como escravos. Na verdade, era um rústico calendário, pelo qual se sabia o tempo de ceva do prisioneiro para o seu abate. Esse colar possuía fios de algodão com tranças que nos lembram contas redondas de um rosário. Se os Tupinambás queriam deixar cevando seus prisioneiros por mais tempo, os seus respectivos colares teriam mais contas redondas, que simbolizavam cada Lua cheia. Haviam escravos que foram capturados ainda crianças, e essas recebiam um colar com várias contas arredondadas, e eram abatidas na condição de adultos. Nesses casos, e em outros, muitos escravos viviam muito bem na aldeia. Podiam ter relações sexuais com índias solteiras e participavam de brincadeiras e festas como qualquer nativo da aldeia. Se surgisse algum filho por conta do relacionamento do escravo com a índia, esses eram considerados “inimigos”, sendo criados como filhos normais da aldeia, mas na sua fase adulta, eram mortos como o escravo que os gerou.

Os Tupinambás viam na Lua e no Sol astros de grande poder, mas não sabiam ao certo como descrever o quão grande seria esse poder. Por um lado, eles viam a Lua como um astro subordinado ao Sol, e a sua representatividade como Lua cheia era o ponto místico ideal para abater as suas vítimas.

Os Tupinambás, por exercerem a prática de uma observação contínua da Lua, conheciam e utilizavam as suas respectivas fases não só para o seu ritual antropofágico, mas para outras atividades importantes na sobrevivência de sua espécie. Pois eles sabiam os melhores dias para caça e pesca, além de aplicarem esses conhecimentos em suas plantações e, principalmente, no corte da madeira.

Esse melhor período baseado na fase lunar era entre a Lua cheia e a Lua nova (minguante). Da Lua nova para a Lua cheia, em virtude talvez do aumento de claridade, os animais tendiam a ficar mais ativos. Particularmente, na condição de trilheiro há vinte anos, eu sinto, nos diversos acampamentos que realizo no meio do mato, que a claridade da Lua faz surgir mais insetos e animais peçonhentos, principalmente, as cobras.

A seguir, apresento alguns vocábulos dos Tupinambás:

- Koarassuh (Coaraci) = Sol
- Yasseuh (Jaceí) = Lua
- Yasseuh-tata (Jaceí-tata-uaçu) = As demais estrelas

É interessante sabermos que os povos indígenas brasileiros dominavam um vasto conhecimento empírico em vários segmentos. No tocante à astronomia, os antigos Tupinambás tinham noções metereológicas, pelas quais podiam prever chuvas e as grandes marés, dando ênfase à observação, principalmente, da Lua. É bem sabido que eles também dominavam outros conhecimentos associados a outros astros, como o Sol, estrelas, planeta Vênus, constelações, entre outros. Mas o fato de observarem atentamente as fases da Lua fez com que eles adquirissem um grande conhecimento ecológico. Podemos sugerir que os Tupinambás eram os “reis do mato”, pois sabiam os hábitos de diversos animais, amadurecimento de frutos e até o melhor momento para o corte de suas madeiras (costume ainda presente no homem do campo brasileiro). De posse desse conhecimento empírico, e sabendo os hábitos dos animais, eles planejavam suas trilhas, visando facilitar a caça e a pesca desses animais.

A arqueoastronomia é uma ciência extremamente importante, pois é por meio dela que chegamos a algumas conclusões bem interessantes. O conhecimento dos índios Tupinambás da influência da Lua sobre as marés ainda não era oficialmente conhecido pelos europeus. Essa influência da Lua nas marés somente foi exposta de maneira clara por Newton, quando sugeriu a atração gravitacional entre a Lua e o Sol como sendo a fonte geradora das marés. 

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O momento certo da pesca. Ilustração: Adeumário Prazeres. 

Os Tupinambás sabiam que o fluxo e o refluxo do mar eram provenientes da Lua cheia e da Lua nova. Assim, mesmo antes dos europeus, eles já sabiam o momento das marés alta e baixa. Em uma época em que as técnicas de navegação eram uma prioridade no desenvolvimento de conquistas e comércio em novas terras, o conhecimento da influência da Lua nas marés, em uma área privilegiada – a faixa dos trópicos, no litoral brasileiro –, é simplesmente fantástico. 

Os Tupinambás foram praticamente extintos no século XVIII, mas os Guaranis herdaram e desenvolveram suas tradições (menos o ato de canibalismo). Uma das referências escritas da época, pelas quais sabemos das tradições e dos rituais religiosos, entre eles os de canibalismo, são os escritos do alemão Hans Staden, que fez duas viagens ao Brasil (de 1547 a 1548 e de 1550 a 1555). Na sua última vinda, ele ficou “cevando” (prisioneiro) entre os Tupinambás por cerca de nove meses e meio. Staden conseguiu fugir, deixando de ser “alimento” para os índios.


Adeumário Prazeres é presidente da Sociedade Astronômica do Recife e presidente fundador da Associação Astronômica de Pernambuco.

Para saber mais:
“Astronomia Desâna”, revista Ciência Hoje , vol. 6, n° 36, outubro de 1987.
“Etnoastronomia”, revista Scientific American n° 14, 2006
História do Brasil , de Rocha Pombo, Editora Melhoramentos, II Volume, 1966.
Tempo dos Flamengos , de José Antônio Gonçalves de Melo, Fundação Joaqui Nabuco, 1987
A religião dos Tupinambás , de Alfred Métraux, Editora Brasiliana, volume 267, 1979.
Os índios Xucurus e Kariri em Palmeira dos Índios ”, de Luiz B. Torres, 4° edição, 1984.
Viagem ao Brasil , de Hans Staden, Editora Martin Claret, 2008.
Coleção Terra Brasilis , de Eduardo Bueno, Editora Objetiva, 1998.

Artigo publicado em http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=50&id=630

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