O Museu Britânico, de Londres,
utilizou escâneres de última geração para tentar desvendar segredos
guardados por milenares múmias egípcias e sudanesas.
Um total de 8 entre as 120 múmias do acervo do
museu foram submetidas a escâneres em um hospital londrino, entre elas
as múmias de duas crianças.
O experimento permitiu, pela
primeira vez, ver através de suas bandagens, e, assim, observar suas
peles, rostos, ossos e até mesmo alguns órgãos internos que permaneciam
preservados.
Foi possível até mesmo determinar o sexo de
algumas delas, o que permanecia indefinido desde que as múmias foram
adquiridas pelo museu, há 250 anos.
Os resultados dos exames constarão de uma animação gráfica que será exibida como parte da exposição Ancient Lives, New Discoveries (Vidas Antigas, Novas Descobertas, em tradução literal), que o museu vai inaugurar no próximo dia 22 de maio.
As animações estão sendo criadas com o auxílio
de um software gráfico utilizado originalmente em trabalhos de
engenharia automobilística.
A nova exposição do museu vai explorar rituais
de morte e sepultamento e as vidas de civilizações antigas. Muitos dos
dados da exibição foram colhidos a partir do estudo de múmias.
Retrato do passado
O estudo permitiu conhecer melhor os hábitos
alimentares, a medicina da época, a música ouvida por povos antigos e
como viviam as crianças do período.
De acordo com o Museu Britânico, a mostra busca
"oferecer um retrato" das vidas de oito pessoas que viveram no Vale do
Nilo ao longo de mais de 4 mil anos - desde o Egito pré-histórico até o
Sudão cristão.
A mostra usará tecnologia interativa para
oferecer informações sobre cada múmia, desde seu estado de saúde até a
forma como elas foram embalsamadas e preservadas.
Entre as múmias há desde a filha de um sacerdote
até a um cantor de templos. Há ainda um homem de meia idade, um
porteiro de um templo e até uma mulher que portava uma tatuagem cristã
em sua pele.
Um dos corpos mumificados é o de um homem de
Thebes mumificado por volta de 600 a.C., que sofreu de abcessos
dentários tão infectados que eles podem ter não apenas lhe propiciado
fortes dores, mas até mesmo terem sido a causa de sua morte.
Uma das principais descobertas feitas foi a da
espátula usada para escavar o cérebro através do nariz, durante o
processo de mumificação. A espátula acabou quebrando dentro de seu
crânio, o que foi revelado durante o escâner.
Os realizadores da mostra pretendem recriar a espátula por meio de impressão 3D.
A mostra também trará a múmia de uma cantora,
que viveu por volta de 900 a.C. e recebeu uma das formas mais nobres de
mumificação disponíveis na época. As inscrições em sua tumba levam a
crer que ela seria uma das cantoras do Templo de Karnak.
Os testes de escâner mostraram ainda o quão
preservadas estavam a pele e o cabelo das múmias. E oferecem ao
visitante a primeira chance de ver o seu rosto.
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