Além de humanos e bichos, povo embalsamava refeições para além-morte.
Cientistas analisaram composição de tecidos e ataduras de quatro carnes.
Pedaço
de carne da costela mumificada encontrada na tumba de Yuya e Tjuiu
(1386-1349 a.C.) (Foto: Anna-Marie Kellen/Egyptian Museum/PNAS)
Os antigos egípcios mumificavam e enterravam carnes prontas para o
"consumo" usando bálsamos orgânicos, revela um novo estudo feito pela
Universidade de Bristol, no Reino Unido, e pela Universidade Americana
do Cairo. Além de refeições, esse povo enterrava suas riquezas e
mumificava figuras importantes como faraós (além de seus criados,
escribas e sacerdotes, em câmaras menores) porque acreditava na vida
após a morte e no retorno do espírito ao antigo corpo – razão pela qual
ele precisava ser preservado.
Esses alimentos (partes de animais) eram envoltos em ataduras e
acomodados em caixões. Eles foram encontrados em muitas tumbas antigas,
mas a natureza dos bálsamos aplicados sobre a comida continuava
desconhecida. Os atuais resultados foram publicados na edição desta
segunda-feira (18) da revista "Proceedings of the National Academy of
Sciences" (PNAS).
O modo como a mumificação de carnes era feita se assemelhava ao
embalsamamento de humanos e animais, destacam os autores, liderados por
Richard Evershed, da Faculdade de Química da Universidade de Bristol.
Os cientistas analisaram a composição química das amostras de tecidos e
ataduras de quatro carnes mumificadas. Segundo a equipe, esse material
foi exposto a uma grande variedade de tratamentos. As gazes que
envolviam um bezerro, por exemplo, continham uma mistura de compostos
derivados de gordura animal – sem evidências da presença de ceras ou
resinas.
Como as ataduras não estavam em contato direto com a carne, os
pesquisadores acreditam que as substâncias usadas derivavam da aplicação
de um bálsamo, em vez de serem provenientes da própria carne.
Compostos semelhantes de gordura animal foram detectados no tecido
usado para mumificar a pata de uma cabra, o que não ocorreu em uma
amostra de pato. Já as ataduras que cobriam costelas bovinas
apresentavam uma mistura de gordura ou óleo, cera de abelha e uma resina
chamada Pistacia – considerada um item de luxo no Antigo Egito.
Imagem de raio X feita de caixão com carne mumificada
(Foto: Anna-Marie Kellen/Egyptian Museum/PNAS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário