Livro é introdução sucinta à obra de Darwin e à teoria da evolução (Foto: Reprodução)
As comemorações do Ano de Darwin ainda estão longe de acabar. Após a comemoração do segundo centenário do nascimento do naturalista britânico no começo deste ano, ainda celebraremos, em novembro, os 150 anos de seu maior clássico, "A origem das espécies". Diante da profusão de dados sobre a teoria da evolução e o legado de Darwin, por onde o leigo interessado em entender essa parte fundamental da biologia deve começar? As opções são muitas, mas uma das melhores nos últimos tempos é o livro "Charles Darwin: em um futuro não tão distante".
A verdade é que qualquer leigo inteligente é capaz de entender ao menos o essencial de uma dada teoria científica, mas para isso ele precisa de um "vocabulário" ou "alfabeto" básico da área -- mais ou menos como as pessoas precisam saber o que são átomos e moléculas para conseguir entender química. O grande mérito do livro, produzido pelo Instituto Sangari, reconhecido por suas ações na área de divulgação científica, é trazer para o leitor esse vocabulário, com textos curtos, objetivos e precisos. Os organizadores Maria Isabel Landim e Cristiano Moreira, do Museu de Zoologia da USP, conseguiram reunir um timaço de autores, entre os quais se destacam o etólogo (especialista em comportamento animal) César Ades, da USP, o geneticista Sérgio Pena, da UFMG, e a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ.
Em obras comemorativas desse calibre, não podem faltar breves resumos biográficos sobre Darwin, incluindo sua visita ao Brasil. Temas polêmicos, como a verdadeira natureza das chamadas raças humanas (conclusão rápida: elas provavelmente não existem) ou a diferença entre o nosso cérebro e o de outros primatas (resultado: não somos tão especiais quanto parecemos). Mas a verdadeira jóia do livro para quem realmente quer entender a teoria da evolução são as 30 páginas escritas por Mário de Pinna, também do Museu de Zoologia da USP.
O pesquisador vai fundo na lógica da biologia evolutiva, do padrão de "arbusto" que explica a ramificação dos vários grupos de seres vivos -- e que deixa claro que não descendemos dos macacos, mas somos apenas "primos" deles, compartilhando com outros primatas um ancestral comum -- até a centralidade da seleção natural, bem como o fato de que ela não produz entidades perfeitas, mas apenas seres adaptados a determinadas condições localizadas no espaço e no tempo.
Também é louvável o fato de que os autores evitam ao máximo entrar em polêmicas religiosas ou teológicas ao abordar o tema. Se há um defeito no livro, não é a falta de didatismo, que na verdade abunda, mas o texto às vezes ligeiramente acadêmico, não muito sedutor para o leitor comum. Mas a iniciativa, de qualquer maneira, merece louvor.
Charles Darwin: em um futuro não tão distante
Maria Isabel Landim e Cristiano Rangel Moreira (org.)
Instituto Sangari
168 págs.
R$ 35,00
A verdade é que qualquer leigo inteligente é capaz de entender ao menos o essencial de uma dada teoria científica, mas para isso ele precisa de um "vocabulário" ou "alfabeto" básico da área -- mais ou menos como as pessoas precisam saber o que são átomos e moléculas para conseguir entender química. O grande mérito do livro, produzido pelo Instituto Sangari, reconhecido por suas ações na área de divulgação científica, é trazer para o leitor esse vocabulário, com textos curtos, objetivos e precisos. Os organizadores Maria Isabel Landim e Cristiano Moreira, do Museu de Zoologia da USP, conseguiram reunir um timaço de autores, entre os quais se destacam o etólogo (especialista em comportamento animal) César Ades, da USP, o geneticista Sérgio Pena, da UFMG, e a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ.
Em obras comemorativas desse calibre, não podem faltar breves resumos biográficos sobre Darwin, incluindo sua visita ao Brasil. Temas polêmicos, como a verdadeira natureza das chamadas raças humanas (conclusão rápida: elas provavelmente não existem) ou a diferença entre o nosso cérebro e o de outros primatas (resultado: não somos tão especiais quanto parecemos). Mas a verdadeira jóia do livro para quem realmente quer entender a teoria da evolução são as 30 páginas escritas por Mário de Pinna, também do Museu de Zoologia da USP.
O pesquisador vai fundo na lógica da biologia evolutiva, do padrão de "arbusto" que explica a ramificação dos vários grupos de seres vivos -- e que deixa claro que não descendemos dos macacos, mas somos apenas "primos" deles, compartilhando com outros primatas um ancestral comum -- até a centralidade da seleção natural, bem como o fato de que ela não produz entidades perfeitas, mas apenas seres adaptados a determinadas condições localizadas no espaço e no tempo.
Também é louvável o fato de que os autores evitam ao máximo entrar em polêmicas religiosas ou teológicas ao abordar o tema. Se há um defeito no livro, não é a falta de didatismo, que na verdade abunda, mas o texto às vezes ligeiramente acadêmico, não muito sedutor para o leitor comum. Mas a iniciativa, de qualquer maneira, merece louvor.
Charles Darwin: em um futuro não tão distante
Maria Isabel Landim e Cristiano Rangel Moreira (org.)
Instituto Sangari
168 págs.
R$ 35,00
Reinaldo José Lopes
Do G1, em São Paulo
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