Em escavações na Leopoldina, 200 mil objetos, alguns do século XVII.
Entre os achados, está uma escova de dente que pode ter sido de Pedro II.
Uma
escova de dentes que pode ter pertencido a Dom Pedro II é achada em
obras de expansão do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
Um tesouro arqueológico foi achado nas escavações de um terreno, no
Centro do Rio, nas obras do metrô.
Entre peças inteiras e alguns
fragmentos, são mais de 200 mil objetos, alguns do século XVII, informou
o Metrô Rio. Os arqueólogos descobriram porcelanas e recipientes de
vidro, alguns ainda com líquidos dentro, itens de higiene pessoal e até
joias de ouro. Na época, não existia coleta de lixo e muitos objetos
eram enterrados nos quintais das casas.
A quantidade e qualidade do material encontrado são impressionantes”,
afirmou Cláudio Prado de Mello, arqueólogo responsável pelo trabalho de
pesquisa no local.
Esse tesouro todo estava na área da Leopoldina, nas obras da Linha 4 do metrô (Barra da Tijuca – Ipanema)
Alguns objetos, segundo os arqueólogos, pertenceram à Família Real
portuguesa, como uma escova de dente bem acabada que traz a inscrição
com o nome do imperador. Na escova de marfim está a inscrição em
francês: "S M L’EMPEREUR DU BRESIL" (Sua majestade, o imperador do
Brasil). Segundo o arqueólogo, ela pode ter pertencido a Dom Pedro II ou
outro membro da Família Real portuguesa, que vivia ali perto, em São
Cristóvão.
Além da inscrição, a tese é reforçada não só pela proximidade da região
com o Palácio da Quinta da Boa Vista, mas também pelo fato de a
história mostrar que a região da atual Leopoldina servia como local de
descarte de resíduos provenientes do Palácio Imperial. Há ainda canecas
com o brasão da família real, frascos de perfume e joias dos nobres da
época do Império.
“Entre 50 centímetros e 2,5 metros da superfície encontramos peças de
louça, vidro, porcelana, couro e até ouro. Com este trabalho, iniciado
em março, é possível reconstituir o passado de toda essa região”, diz
Cláudio.
Outros mostram curiosidades, como um vidro de desodorante, que na época
era chamado de "anti-catinga", nome que aparece gravado no frasco. Os
itens encontrados serão analisados e catalogados.
"A gente até tinha a ideia de encontrar um sítio arqueológico, só que
ninguém imaginava que ia encontrar um sítio com essa complexidade e
riqueza. E que poderia permitir reconstituir e resgatar o passado de
gerações e gerações de brasileiros e estrangeiros a partir do que eles
deixaram como resíduo", disse o arqueólogo.
As peças foram encontradas no terreno da Avenida Francisco Bicalho, ao
lado da antiga estação de trens da Leopoldina, onde foi instalada a
fábrica de anéis de concreto que serão utilizadas pelo Tatuzão,
equipamento que vai escavar os túneis da Linha 4 do Metrô entre Ipanema e
Gávea. O Metrô Rio informou que a equipe de arqueologia acompanha a
execução das obras da Linha 4 para o caso de aparecer algum material
durante as escavações. No entanto, na Leopoldina o serviço foi
intensificado, pois já se tinha notícia da existência do sítio
arqueológico.
Peça de cerâmica é exibida; vários objetos foram encontrados durante obra do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
Arqueólogo
Claudio Prado de Mello limpa peça de cerâmica encontrada durante obras
de expansão do Metrô do Rio (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
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