Estudo mostra a existência do mar no Parque Nacional da Floresta Fóssil.
É a primeira vez que cientistas encontram uma evidência direta.
Paleontólogo exibe fóssil que caracteriza a existência do mar em Teresina
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
Novos fósseis encontrados por pesquisadores no Parque Floresta Fóssil
de Teresina, localizado na Zona Leste da cidade, dão indícios de que a
capital piauiense já foi coberta pelo mar há mais de 270 milhões de
anos. É a primeira vez que cientistas encontram uma evidência direta da
existência do mar naquele local.
O paleontólogo e professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI) Juan
Carlos Cisneros explica que os fósseis encontrados em Teresina datam da
época em que os continentes estavam todos juntos e era chamado de
Pangeia. “Nessa época o Brasil estava conectado com a África e esta com a
Europa. Desta forma, podemos dizer que esse mesmo fóssil pode ser
encontrado em outros vários continentes”, explica.
Os estromatólitos, nome técnico dado aos fósseis, são caracterizados
por minerais acumulados pelas algas no fundo do mar e que ao longo do
tempo vão se acumulando e formando uma espécie de recife. Cisneros
explica que nenhum processo mineral que não envolva seres vivos faz
isso. “A geologia por si só não faz esse tipo de estrutura. Elas são
feitas por seres vivos que vão crescendo, se acumulando e para chegar a
atingir uma estrutura como essa é preciso que tenha passado por muitos
anos, o que vem a explicar a idade do fóssil”, diz.
Fóssil encontrado data da época em que os continentes estavam todos juntos
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
Para o paleontólogo, a descoberta é importante porque revela que no
Parque Floresta Fóssil ainda guarda muito do passado geológico de
Teresina e precisa ser preservada pelo poder público. “Queremos chamar a
atenção porque esse sítio paleontológico ainda tem muito potencial,
muita pesquisa a ser feita e ainda não está sendo bem estudado”,
destaca.
Algumas amostras dos fósseis foram levadas para laboratórios da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp),
instituição parceira na pesquisa juntamente com a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRS). O projeto, financiado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vem sendo
desenvolvido desde o final de 2010 e se estenderá por mais um ano.
Paleontólogo exibe outros fósseis já encontrados
no mesmo parque (Foto: Patrícia Andrade/G1)
no mesmo parque (Foto: Patrícia Andrade/G1)
Tombado como patrimônio histórico da humanidade pelo Instituto do
Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o Parque Floresta Fóssil de
Teresina é considerado o maior das Américas, segundo Cisneros. Os
fósseis encontrados no local possuem mais de 250 milhões de anos, sendo
que a principal característica do Parque é que os troncos se apresentam
em posição de vida, ou seja, na vertical.
Ainda de acordo com o paleontólogo, a Prefeitura Municipal de Teresina
está elaborando um projeto em parceria com o Iphan que irá adequar o
parque à visitação da população.