Aumento coincide com auge do Império Romano e da dinastia chinesa Han.
Desmatamento voltado à agricultura foi principal responsável.
Um período de 200 anos cobrindo o auge do Império Romano e da dinastia
Han, na China, observou um grande aumento na emissão dos gases do efeito
estufa, de acordo com um estudo que contesta a visão de que a mudança
climática provocada pelo homem começou apenas por volta de 1800, com a
Revolução Industrial.
Um registro da atmosfera presa no gelo da Groenlândia indicou que o
nível de metano subiu há cerca de 2 mil anos e permaneceu nesse nível
mais alto por cerca de dois séculos. O metano provavelmente foi liberado
durante o desmatamento para liberar terra para agricultura e pelo uso
do carvão como combustível, por exemplo, para fundir metal a fim de
fazer armas, disse a autora principal do estudo, Celia Sapart, da
Universidade Utrecht, na Holanda.
"Eles já emitiam bastante per capita no Império Romano e durante a
dinastia Han", disse a pesquisadora sobre os achados de uma equipe
internacional de cientistas na edição de quinta-feira (4) da revista
"Nature".
Coliseu de Roma, anfiteatro construído na cidade sede do Império Romano em 65 d.C. (Foto: AP)
Maior parte dos gases foram lançados após Revolução Industrial
Os índices de desmatamento "apresentam uma redução por volta de 200
d.C., que está relacionada ao declínio drástico da população na China e
na Europa seguindo-se à queda da dinastia Han e ao declínio do Império
Romano", escreveram os cientistas.
As emissões provocadas pelo homem há 2 mil anos, quando a população mundial era estimada em 300 milhões, eram perceptíveis, mas minúsculas, quando comparadas com os níveis atuais causados por uma população de 7 bilhões.
Sapart estimou que as emissões de metano até 1800 foram cerca de 10% do
total dos últimos 2 mil anos, enquanto 90% ocorreram depois da
Revolução Industrial. O metano é gerado por fontes humanas, incluindo a
queima de florestas e de combustíveis fósseis, plantações de arroz,
pecuária ou aterros sanitários. Entre as fontes naturais, estão os
pântanos, os incêndios florestais e os vulcões.
As descobertas do grupo de Sapart questionam a posição de um painel da
ONU de cientistas do clima, segundo o qual a mudança climática provocada
pelo homem começou na esteira do uso de combustíveis fósseis durante a
Revolução Industrial. "A era pré-industrial não foi uma época natural
para o clima -- ele já era influenciado pela atividade humana", afirmou
ela.
"Quando fazemos previsões climáticas para o futuro, temos de pensar
sobre o que é natural e sobre o que acrescentamos. Temos de definir o
que de fato é natural", afirmou. Os cientistas, localizados na Holanda,
na Suíça, na Dinamarca, nos Estados Unidos e na França -- observaram um
segundo aumento no metano na Idade Média, coincidindo com um período
quente registrado entre 800 e 1200, que também observou a economia da
Europa sair da Idade das Trevas.
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