segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Exposição mostra relatos sobre história do perfume na Bíblia

Mirra e incenso oferecidos pelos Reis Magos são exemplos de essências.
Mostra é organizada por museu suíço.

Da EFE

A história impressa do perfume não se limita ao ato de admirar corpos formosos retratados em revistas de moda. Uma exposição promovida na Suíça mostra que ela também pode ser lida nas páginas da Bíblia, onde o profano se transforma em sagrado e cada aroma, aparentemente se, importância, evoca um encontro místico.

"Perfumes Antigos, Fragrâncias Bíblicas" é o título da exposição que o Museu Internacional da Reforma Protestante, em Genebra, acaba de prorrogar, por causa do grande sucesso de crítica e público.

Na Antiguidade, o perfume estava ligado a questões de ordem religiosa, sagrada, mas conforme passam os séculos, as fragrâncias começam a adquirir um valor terapêutico, de higiene e de prevenção de contágio de doenças, para finalmente adquirir um uso essencialmente hedonista.

A exposição mostra 12 ingredientes aromáticos que são citados com frequência na Bíblia Hebraica, mas também no Novo Testamento.

Os mais conhecidos são a mirra e o incenso que os Três Reis Magos oferecem ao bebê que acaba de nascer em Belém; ou o nardo que uma mulher usa para perfumar a cabeça e os pés de Jesus de Nazaré.

"Por que este desperdício de bálsamo? Poder-se-ia tê-lo vendido por mais de 300 denários e dar os pobres", se indigna uma testemunha da cena. E Jesus responde: "Embalsamou-me antecipadamente o corpo para a sepultura", cita o Evangelho segundo São Marcos.

A mostra é, literalmente, um percurso olfativo pelos livros que milhões de judeus e cristãos no mundo consideram o texto mais sagrado que existe.

Os aromas estão à disposição do visitante, que pode sentir os eflúvios após ou antes de ter lido as passagens da Bíblia onde são citados.

Uma das essências mais conhecidas e que, ainda é bastante usada, é o incenso, símbolo da aliança entre o humano e o divino.

A rainha de Sabá ofereceu ao rei Salomão; os Três Reis Magos ao Menino Jesus; Nero o utilizava como unguento para curar as feridas de seu rosto após uma noite de orgia; as igrejas católicas e romanas ainda o usam, enquanto as igrejas reformadas o suprimiram para concentrar a atenção dos fiéis à leitura da palavra sagrada.

A mirra é utilizada na Bíblia como instrumento de sedução feminina -- Ester a usa como óleo de massagens antes de encontrar o rei Assuero --, mas especialmente como ritual, dado que ela é o principal elemento do óleo de unção, sendo usada para sanar as feridas de Jesus após a crucificação.

A murta, o bálsamo, o junco, o ládano, a canela, o gálbano, a henna, o açafrão, e o estoraque são os outros eflúvios presentes na exposição, que também mostra ao visitante duas composições perfumadas da Bíblia.

A primeira é o eflúvio do altar dos perfumes e a segunda é o óleo de unção; ambos citados no livro do Êxodo no qual se explica o que aconteceu entre o surgimento até a liberdade do povo de Israel.

Após partir do Egito, e durante a viagem através do deserto, se estabelece uma nova relação com "o divino", e para carimbar este encontro, Moisés dá ao povo um código com instruções precisas para organizar o culto.

O altar dos perfumes e o óleo de unção são os elementos essenciais: sem óleo não há celebrante, sem perfume, não há prece.

Finalmente, a exibição se afasta do sagrado para adentrar no cotidiano com três "perfumes históricos", compostos, muitos deles, por várias das essências apresentadas individualmente na exposição.

O perfume real, muito usado na antiguidade antes de nossa era; a água de anjo, especialmente apreciada no Renascimento; e o perfume antipeste, um dos únicos métodos para prevenir a doença.

Todas estas essências foram recriadas pela empresa Givaudian, líder mundial da criação de aromas e perfumes, que tem sua sede justamente em Genebra.

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