Pesquisadores encontraram 22 sítios arqueológicos na região de Tefé.
Além de utensílios de cerâmica, terra preta de índio também será estudada.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto
Mamirauá, do Amazonas, descobriram 22 novos sítios arqueológicos na
região de Tefé, a 575 km de Manaus, repletos de peças de cerâmica e
outros indícios que poderão fornecer novas informações sobre indígenas
que viveram na Amazônia na época do descobrimento do Brasil, há mais de
500 anos.
Com o auxílio de uma técnica chamada datação radiocarbônica, que
calcula a idade absoluta de rochas com a medição da quantidade de
energia emitida por elementos radioativos, os pesquisadores vão analisar
vasos, fragmentos cerâmicos e peças quase inteiras que estavam nesses
sítios.
Segundo a cientista social e pesquisadora Jaqueline Gomes, que atua no
Instituto Mamirauá e integra o projeto "Mapeamento arqueológico do Lago
Tefé", a detecção das áreas com elementos históricos começou em 2011 e
entra agora em nova fase.
Ela explica que, dos 22 sítios (além de outros 11 achados pontuais, em
menor quantidade), quatro áreas conhecidas como "conjunto Vilas" foram
escolhidas para concentrar os esforços dos arqueólogos.
"Agora serão feitas as escavações e a coleta dos artigos. São milhares
de cacos. Algumas peças são potes grandes e também há cerâmicas feitas à
mão. São itens muito antigos e em grande quantidade, já que havia uma
grande produção desses utensílios, em diversas tradições indígenas”,
explica a cientista social.
Fragmentos
de cerâmica foram encontrados em áreas da região de Tefé, a cerca de
600 km de Manaus, no Amazonas (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)
De acordo com Jaqueline, relatos históricos da área onde estão os sítios apontam que, na época do descobrimento do Brasil, tribos indígenas que falavam a língua tupi habitavam a região.
"Tefé foi uma grande aldeia, que sofreu forte redução populacional no período de contato com os portugueses]. São grandes as chances de esses fragmentos pertencerem a uma mesma etnia indígena", disse.
Ao longo de três anos, os pesquisadores vão trabalhar de forma intensa no detalhamento e na montagem dessas peças seculares.
Peça
de cerâmica alterada por moradores locais foi encontrada em área de
sítio arqueológico em Tefé, no Amazonas. (Foto: Divulgação/Instituto
Mamirauá)
Além disso, os cientistas vão investigar a formação de terra preta ou "biochar" na área. Eles querem descobrir mais detalhes sobre o solo da região, considerado altamente fértil e possivelmente usado para a agricultura. De acordo com estudos, o biochar foi criado pelos povos que ocupavam a Amazônia desde 5 mil a.C.
"Esse solo pode apresentar mais informações sobre como essas populações conseguiam manter atividades agrícolas de forma permanente (por cerca de cem anos), sem desgastar a terra, ou seja, de maneira sustentável. Obter informações sobre isso pode ajudar a agricultura atual", disse Jaqueline.
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