Você vai conhecer agora um lugar onde as pessoas eram unidas por uma obsessão: sobreviver ao tempo, mesmo depois da morte. As catacumbas de Palermo, na Itália, têm cerca de 8 mil múmias, algumas incrivelmente bem preservadas. Tudo graças a uma técnica que atravessou séculos em segredo e que, agora, vai ser revelada com exclusividade ao Fantástico. Do pó viemos e ao pó voltaremos, sustenta o Antigo Testamento. Mas, nos domínios dos frades capuchinhos, em Palermo, no sul da Itália, 8 mil corpos sem vida resistem misteriosamente à passagem dos séculos. Alguns desde 1599. Muitos em ótimo estado de conservação vestem trajes de gala, determinados em vida como o último desejo. A maioria são múmias naturais, preservadas por causa do clima e da falta de umidade no ar únicos desta região. Frei Donatello conta que, no século 16, que os capuchinhos constataram que os corpos dos frades simplesmente não se desintegravam. Eram desidratados com a ajuda do próprio ambiente, não entravam em putrefação. Mas o maior mistério das catacumbas de Palermo está na extraordinária preservação de suas múmias artificiais. A mais bonita e a mais intrigante está numa sala, num pequeno caixão lacrado. É o corpo de uma menina que há 88 anos está aqui. Rosália Lombardo morreu em 1920, aos 2 anos de idade. Inconsolados, os pais da menina quiseram que o corpo dela durasse para sempre. Então convocaram o mais famoso embalsamador da Cecília. Rosália parece dormir. O autor, Alfredo Salafia, morreu logo depois. Saláfia foi além da ciência. As suas múmias não carregam no rosto o horror da morte, mas uma expressão de serenidade final. Conhecido como o caçador de múmias, o cientista Dario Piombino Mascali depois de três anos de pesquisa acaba de descobrir um manuscrito de Alfredo Salafia: novo método especial para a conservação do cadáver inteiro em estado permanentemente fresco. Mas qual o verdadeiro mistério de Rosália? Dario esclarece o segredo. “A composição química da fórmula. O método usado na preparação do corpo já era conhecido desde 1830: um líquido injetado na veia”, diz. Dario Piombino Mascali nos revelou a fórmula secreta: formalina para conservar, glicerina para hidratar, álcool e ácido salicílico para desinfetar e sais de zinco para dar rigidez ao tecido. Dario explica que a quantidade de cada substancia não foi descrita e que outra diferença dessa técnica, é que o sangue do corpo de Rosália não foi retirado, nem os órgãos internos como faziam os antigos egípcios. A busca pela perpetuação do corpo sempre existiu. A igreja exibe as suas múmias como obras da fé. No norte do país, o corpo de Santa Catarina de Genova, que morreu em 1510, está exposto num caixão de cristal. A religiosa foi santificada 200 anos depois, pela sua caridade extrema com os doentes. “Até o corpo dos santos sofre com os insultos do tempo”, diz o professor Ezio Fulcheri, que estuda os corpos do passado. Especialista do Vaticano nas múmias dos santos, o católico, Fulcheri reconhece que algumas delas foram preparadas artificialmente com os bálsamos. “Lavar o corpo de um morto era uma prática judaica. O corpo de Jesus foi lavado e untado com aloe vera e mirra”, revela. Também para ele, a pequena múmia de Palermo, é uma obra de arte. “É a mais espetacular e impressionante que eu já vi”, afirma o professor.
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