Michael Cordonsky/Israel Antiquities Authority via The New York Times
Anotações feitas em tinta em cerâmica
Eliashib, o intendente da remota fortaleza no deserto, recebia suas instruções por escrito, anotações feitas em tinta em cerâmica pedindo que provisões fossem enviadas para as forças no antigo reino de Judá.
Os pedidos por vinho, farinha e óleo parecem listas de compras mundanas, apesar de antigas. Mas uma nova análise da caligrafia sugere que a capacidade de ler e escrever era bem mais disseminada do que antes se sabia na Terra Santa por volta de 600 a.C., perto do final do período do Primeiro Templo. As conclusões, segundo pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, pode ter alguma relevância para o debate de um século sobre quando o corpo principal dos textos bíblicos foi composto.
"Para Eliashib: agora, dê a Kittiyim 3 batos de vinho, e escreva o nome do dia", diz um dos textos, compostos em hebraico antigo usando o alfabeto aramaico, e aparentemente referindo-se a uma unidade mercenária grega na área.
Outra dizia: "E um coro pleno de vinho, traga amanhã. Não atrase. E se tiver vinagre, dê a eles".
O novo estudo, publicado na "Proceedings of the National Academy of Sciences", combinou arqueologia, história judaica e matemática aplicada, assim como envolveu processamento de imagens por computador e o desenvolvimento de um algoritmo para distinguir entre os vários autores emitindo as ordens.
Com base na análise estatística dos resultados, e levando em consideração o conteúdo dos textos escolhidos como amostra, os pesquisadores concluíram que pelo menos seis mãos escreveram as 18 mensagens mais ou menos na mesma época. Até mesmo soldados das fileiras mais baixas do exército de Judá, ao que parece, sabiam ler e escrever.
"Há algo psicológico além das estatísticas", disse o professor Israel Finkelstein, do Departamento de Arqueologia e Civilizações Antigas do Oriente Próximo da Universidade de Tel Aviv, um dos líderes do projeto. "Há um entendimento do poder da alfabetização. E eles escreviam bem, praticamente sem erros."
O estudo se baseou em um conjunto de cerca de 100 cartas escritas com tinta em pedaços de cerâmica, conhecidos como óstracos, que foram descobertos perto do Mar Morto em escavações do forte Arad, décadas atrás, e datados de cerca de 600 a.C. Isso foi pouco antes da destruição de Jerusalém e do reino de Judá por Nabucodonosor, e o exílio de sua elite para a Babilônia, e antes de quando muitos acadêmicos acreditam que grande parte dos textos bíblicos, incluindo os cinco livros de Moisés também conhecidos como Pentateuco, foram escritos de forma coesa.
A cidadela de Arad era uma frente pequena, distante e ativa, próxima da fronteira com o reino rival de Edom. O forte em si tinha apenas cerca de 2.000 metros quadrados e provavelmente só acomodava cerca de 30 soldados. A riqueza dos textos encontrados ali, registrando movimentos de tropas, provisões e outras atividades diárias, foi criada em um período curto, o que os torna uma amostra valiosa para estudo de quantas mãos diferentes os escreveram.
"Para Eliashib: agora, forneça 3 batos de vinho", ordenava outro óstraco, adicionando: "E Hananyahu ordena que envie a Beersheba 2 mulas carregadas e envie a massa de pão com elas".
UOL - Arqueólogos espanhóis descobriram a múmia de Sattjeni, uma dama da nobreza que era "a guardiã do sangue dinástico", na cidade egípcia de Assuão, explicou à Agência Efe o chefe da missão, Alejandro Jiménez.
A múmia de Sattjeni, "filha, esposa e mãe de governadores", segundo Jiménez, foi achada dentro de dois sarcófagos de madeira na necrópole de Qubbet el-Hawa, no Vale dos nobres, que é escavada pela equipe espanhola desde 2008.
Divulgação/Ministério de Antiguidades
Detalhe da tumba de Sattjeni
Esta dama da dinastia 12 do Império Médio foi a mãe dos principais governadores de Elefantina, Heqaib III e Amaney-Seneb, que dirigiram a região entre 1810 e 1790 a.C.
O diretor do departamento de Antiguidades egípcio, Mahmoud Afifi, garantiu em comunicado que Sattjeni era além disso filha do emir Sarenput II e "uma das principais personalidades da época".
Para Jiménez, a importância do achado -feito em 5 de março - está em que esta família estava "bem abaixo do faraó" Amenemhat III (1800-1775 a . C.) na hierarquia de Assuão.
A múmia tem o rosto coberto por uma máscara policromada, detalhou o arqueólogo espanhol.
Os sArqueólogos espanhóis descobriram a múmia de Sattjeni, uma dama da nobreza que era "a guardiã do sangue dinástico", na cidade egípcia de Assuão, explicou à Agência Efe o chefe da missão, Alejandro Jiménez.
A múmia de Sattjeni, "filha, esposa e mãe de governadores", segundo Jiménez, foi achada dentro de dois sarcófagos de madeira na necrópole de Qubbet el-Hawa, no Vale dos nobres, que é escavada pela equipe espanhola desde 2008.
Divulgação/Ministério de Antiguidades
Detalhe da tumba de Sattjeni
Esta dama da dinastia 12 do Império Médio foi a mãe dos principais governadores de Elefantina, Heqaib III e Amaney-Seneb, que dirigiram a região entre 1810 e 1790 a.C.
O diretor do departamento de Antiguidades egípcio, Mahmoud Afifi, garantiu em comunicado que Sattjeni era além disso filha do emir Sarenput II e "uma das principais personalidades da época".
Para Jiménez, a importância do achado -feito em 5 de março - está em que esta família estava "bem abaixo do faraó" Amenemhat III (1800-1775 a . C.) na hierarquia de Assuão.
A múmia tem o rosto coberto por uma máscara policromada, detalhou o arqueólogo espanhol.
Os sarcófagos, de madeira de cedro do Líbano, estão talhados e apresentam escrituras hieroglíficas que permitiram identificar Sattjeni e datar a tumba.
O caixão interior se encontra em "bom estado de conservação", acrescentou em seu comunicado o responsável de Antiguidades egípcio.
Divulgação/Ministério de Antiguidades
Inscrições hieroglíficas encontradas em tumba da múmia de Sattjeni
Tumba de Tutancâmon pode ter câmaras secretas; conheça túmulo do "faraó menino"8 fotos
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Uma equipe de arqueólogos investiga o túmulo de Tutancâmon, no Egito, em busca de câmaras secretas. Há suspeitas de que ali esteja também a tumba de sua madrasta, a rainha Nefertiti. Enquanto não há provas sobre espaços ocultos, conheça o lugar onde foi sepultado o faraó meninoVEJA MAIS >
Quando os conquistadores espanhóis zarparam para a América Central, em 1517, seu objetivo era derrotar a civilização maia, que dominava a região. Mas os colonizadores descobriram, ao chegar, que boa parte do trabalho já tinha sido feito para eles.
As imponentes cidades de calcário dos maias, uma marca registrada de uma das civilizações mais avançadas do Mundo Antigo, já estavam sendo invadidas pela floresta. O motivo pelo qual a civilização maia desapareceu é um dos maiores mistérios da história.
O povo sobreviveu. Houve inclusive resistência ao domínio europeu. Mas, quando os espanhóis chegaram, já tinha desaparecido o poder político e econômico que tinha erguido pirâmides e sustentado uma população que chegou a 2 milhões de pessoas.
As primeiras cidades maias foram construídas no primeiro milênio antes de Cristo, e a civilização chegou a seu apogeu por volta de 600 d.C. Arqueólogos já escavaram milhares de sítios maias, a maioria espalhada por uma região na parte sul da Península de Yucatán, no México, além de Belize e Guatemala.
É bastante provável que mais ruínas ainda estejam escondidas pela densa floresta tropical da região.
Depois de mais de 200 anos de estudos, conhecemos o suficiente sobre os maias para estarmos bem impressionados. Sua arte e arquitetura distintas nos levam a crer que eles eram exímios artesãos.
Os maias eram ainda intelectualmente avançados. Tinham um forte conhecimento de matemática e astronomia, que usavam para alinhar pirâmides e templos com movimentos dos astros. E usavam a única linguagem escrita conhecida na Mesoamérica, uma série de bizarros caracteres conhecidos como os Hieróglifos Maias.
As maravilhas deixadas para trás pelos maias valeram uma senhora reputação. Mas a maneira como sua civilização encontrou seu final é curiosa.
Comecemos com o que sabemos: por volta de 850 d.C., após séculos de prosperidade e hegemonia, os maias começaram a abandonar suas cidades, uma depois da outra. Em menos de 200 anos, sua civilização tinha se tornado uma fração de seu passado glorioso. Haveria algumas ressurgências isoladas, mas a grandiosidade maia estava perdida para sempre.
Além da escala tão monumental, o que fez o colapso maia tão chocante é que, apesar de décadas de estudos, os arqueólogos ainda não concordam sobre o que causou tudo isso. Assim como no caso do Império Romano, não parece haver um único culpado para a debacle maia. Mas a natureza desse declínio levou alguns pesquisadores a suspeitar que a civilização maia possa ter sido vítima de uma catástrofe - capaz de derrubar cidade após cidade em seu caminho.
Há teorias abundantes sobre o assunto. Algumas das mais comumente discutidas falam em invasão, guerra civil e colapso de rotas comerciais. Mas desde que cientistas, nos anos 90, começaram a analisar dados históricos sobre o clima, uma teoria ganhou popularidade: a de que os maias sofreram um período de mudanças ambientais severas.
Nos séculos imediatamente anteriores ao colapso maia - a chamada Idade Clássica, entre os anos 250 e 800 d.C. -, a civilização maia teve um boom. Cidades floresceram e colheitas eram abundantes. As informações climáticas (normalmente provenientes de formações em cavernas) mostram que durante este tempo a área ocupada pelos maias teve alto índice de chuva. Mas a mesma análise de informações mostra que, a partir do ano de 820, a região foi assolada por 95 anos de secas periódicas, algumas durando décadas.
Cientistas identificaram uma impressionante correlação entre a ocorrência das secas e o colapso maia. A maior parte das grandes cidades maias "caiu" entre 850 e 925 d.C., algo que coincidiu com quase um século de seca. Essa correlação não é suficiente para encerrar o mistério por si só, mas leva especialistas a desconfiar do clima como um dos principais causadores do declínio maia.
Um dos problemas com essa teoria é que nem todas as cidades sofreram com a seca. As cidades que caíram durante o período de estiagem do século 9 estavam majoritariamente localizadas na porção sul do território, onde hoje ficam Guatemala e Belize. No norte, porém, a civilização não apenas sobreviveu às secas como registrou desenvolvimento.
O norte gozava de relativa prosperidade, com um aumento no número de centros urbanos, incluindo uma das mais grandiosas cidades maias: Chichen Itza. Por que a vida era tão diferente no norte?
Cientistas propuseram várias explicações para essa discrepância, mas nenhuma delas parece ter ganhado a batalha. No entanto, uma recente descoberta parece oferecer uma solução para o paradoxo.
Arqueólogos especializados na cultura maia têm dificuldades para estabelecer datas. Quase nenhum dos arquivos maias sobreviveu à colonização espanhola (por ordem de padres católicos, livros maias foram queimados aos montes e hoje apenas quatro sobrevivem). Sendo assim, para determinar uma linha de tempo para a civilização maia, cientistas se fiam em calendários registrados em monumentos, análises estilísticas de cerâmicas e em testes de carbono de materiais orgânicos.
Estudos anteriores já tinham determinado as idades aproximadas dos principais centros urbanos da civilização maia do norte. Foram eles que determinaram que o norte tinha sofrido as secas do século 9. Mas um novo trabalho, publicado em dezembro por arqueólogos americanos e britânicos, pela primeira vez traz um apanhado generalizado de datas relacionadas aos centros urbanos da região norte. São mais de 200 datas que permitiram aos pesquisadores estabelecer um retrato mais profundo dos tempos em que as cidades do norte estavam ativas, bem como os períodos em que entraram em declínio.
Os pesquisadores descobriram que o norte não apenas tinha sofrido declínio durante o período de seca, mas que isso ocorrera DUAS vezes. Isso com base no número de inscrições temporais na segunda metade do século 9. O mesmo padrão é encontrado em análise de carbono, que indicam, por exemplo, que a construção com o uso de madeira encolheu no mesmo período.
Para os cientistas, esses dados mostram que também havia declínio político-social no norte maia, que pode até ter enfrentado a crise melhor que o sul, mas ainda assim sofreu declínio. Só que nós já sabíamos que Chichen Itza e os outros centros maias do norte tinham sobrevivido bem ao longo do século 10.
É o segundo declínio identificado pelos cientistas que torna a história bem mais interessante e muda nosso conhecimento sobre os maias. Depois de uma recuperação no século - e que, interessantemente, coincide com um aumento no índice pluviométrico, pesquisadores notaram outra queda na construção civil em diversos sítios do norte: gravações em pedra e outras atividades ligadas à construção caíram pela metade entre 1000 e 1075 d.C.
E, assim como 200 anos antes, pesquisadores descobriram que o segundo declínio também ocorreu em tempos de seca, ainda mais severa que no século 9 - na verdade, a estiagem do século 11 foi a maior da região em 2 mil anos.
Se a primeira grande seca devastou os maias no sul, a segunda pode ter acabado com tudo no norte. Chichen Itza e outros importantes centros urbanos da região não voltariam a se recuperar. Houve algumas exceções - Mayapan, por exemplo, floresceu entre os séculos 13 e 15 -, mas elas nunca rivalizaram com as clássicas cidades maias em tamanho ou complexidade.
Mas como as mudanças climáticas derrubaram os maias?
A maior parte das explicações gira em torno da agricultura. Os maias, assim como todas as grandes civilizações, dependiam fortemente da agricultura para sua pujança econômica e para sustentar sua população. Um argumento simples é que a escassez na produção de alimentos gradualmente diminuiu a influência política da sociedade maia e levou à desintegração social. Mas o processo não foi tão direto assim.
"Sabíamos que já havia guerras e instabilidade política nos territórios maias antes das secas do século 9", diz Julie Hoggarth, da Baylor University, no Texas (EUA), e uma das coordenadoras do estudo climático publicado em dezembro.
Talvez os conflitos internos tenham se juntado ao efeito das secas: com a diminuição dos estoques de alimentos, a competição por recursos ficou intensa ao ponto de levar à ruptura social. Mas há uma terceira explicação, amparada no talento dos maias.
Além de grandes artesãos, eles eram grandes escultores ambientais.
Para produzir alimento suficiente para alimentar milhões, os maias escavaram imensos sistemas de canais que por vezes chegavam a centenas de quilômetros de extensão. Isso lhes permitia tornar áreas inférteis produtivas. Eles também derrubaram imensas áreas de florestas para a agricultura e a construção.
Alguns estudiosos creem que essas atividades teriam piorado os efeitos das mudanças climáticas: o desmatamento, por exemplo, teria tornado as secas mais rigorosas. Outra teoria é que o desenvolvimento da agricultura tenha levado a um crescimento populacional acelerado e mais vulnerável à escassez de alimentos.
Quaisquer que tenham sido as razões para o colapso, sabemos algo sobre o destino das pessoas que restaram. A partir de 1050 d.C., os maias pegaram a estrada. Abandonaram as regiões do interior e rumaram para a costa caribenha ou para locais com lagos. O êxodo pode ter sido motivado por fome, e a mudança para regiões mais úmidas fazia sentido, em especial fugindo da seca.
La stazione della metro C Amba Aradam a Roma si farà e la scoperta durante i lavori di una caserma romana del II secolo d.C. non comporterà ritardi nei tempi di realizzazione, né costi superiori a quelli previsti. Anzi, integrato con la fermata della metro, nascerà un vero e proprio sito archeologico di 'straordinario interesse', che ne farà la prima 'stazione archeologica' della capitale.
Lo assicura il soprintendente speciale per il Colosseo, Francesco Prosperetti, che oggi ha presentato alla stampa alcuni ambienti dell'edificio ritrovato a 9 metri di profondità nel corso degli scavi per la costruzione della linea metropolitana, nel tratto tra San Giovanni e il Colosseo. Non sarà necessaria una nuova progettazione del percorso, precisa il soprintendente, spiegando che si lavora alla realizzazione di una stazione metro che integri il trasporto urbano con la fruizione del sito. "Mentre prima i sondaggi fatti su Chiesa Nuova e su Piazza Venezia hanno rivelato delle strutture che hanno dato delle indicazioni per il proseguo delle progettazioni, - ha spiegato il soprintendente - qui siamo in fase attuativa, cioè qui non ci confrontiamo con il 'se fare o non fare' ma con il 'come fare', come realizzare a Roma un'opera pubblica che, come forse non si è mai tentato in passato, si confronti nel concreto con la storia di questa città".
La fermata metro su viale Ipponio, a due passi da Porta Metronia, sarà "molto più di una stazione-museo", secondo il soprintendente: "la sfida affascinante sarà quella di integrare uno spazio archeologico nella stazione", cioè "uno spazio che sappia parlare del sottosuolo di Roma ai viaggiatori" e il cui ritrovamento non costituisce "un limite, un incidente,ma l'opportunità di costruire a Roma la più bella metropolitana del mondo". Prosperetti confida che "questo lavoro non comporterà ritardi" e ribadisce che i costi "sono ampiamente previsti": "Ho chiesto di verificare i tempi di questa operazione - ha detto - e il suo contenimento all'interno della previsione di spesa".
Uma viagem pelos bosques tropicais e úmidos do sudeste do México é o que falta para que William Gadoury possa confirmar ou descartar seu descobrimento: uma cidade maia perdida.
O nome deste canadense de 15 anos tornou-se conhecido no mundo inteiro por causa de uma pesquisa que apontou vestígios de um assentamento maia até hoje desconhecido na península de Yucatán, no México.
Para fazer sua descoberta, usou ferramentas como Google Earth e também imagens do satélite RADARSAT-2 fornecidas a ele pela Agência Espacial Canadense (CSA, na sigla em inglês).
No entanto, a conclusão à qual o jovem chegou em um projeto de ciências que apresentou a um concurso em Quebec causou dúvidas entre arqueólogos mexicanos.
É que, segundo os arqueólogos e como até mesmo William reconhece, neste quebra-cabeças falta a peça mais importante: chegar ao local para verificar a existência da cidade.
A resposta nas estrelas
No texto do projeto, William parte da ideia de que "os maias e outras civilizações antigas estabeleciam a localização de suas principais cidades em função das posições das estrelas nas constelações".
"De acordo com meus cálculos, a correlação entre a posição das estrelas e estas cidades é de cerca de 95%", escreveu.
Com a ajuda de publicações como o Códex de Madrid – um dos três únicos livros maias sobreviventes – o garoto percebeu que a posição dos assentamentos maias correspondia à posição das estrelas que eles conheciam.
"Eu não entendia por que os maias construíram suas cidades longe dos rios, em terras afastadas ou nas montanhas", disse ao jornal canadense Le Journal de Québec.
"Eu fiquei muito surpreso e emocionado quando percebi que as estrelas mais brilhantes das constelações coincidiam com as maiores cidades maias."
Mas em uma das constelações, em uma posição de três estrelas só havia duas cidades conhecidas, o que levou William a marcar um ponto no mapa onde deveria estar a suposta cidade perdida.
Daniel de Lisle, da CSA, ajudou a encontrar o ponto exato nos mapas, que fica a cerca de 40 km da cidade maia de Calakmul, ao sul do Estado mexicano de Campeche.
Verificação
Os especialistas consultados pela BBC Mundo concordam que, de qualquer modo, é preciso verificar a existência de uma cidade naquele local para considerar de fato as afirmações de William.
Rafael Cobos, membro do Sistema Nacional de Pesquisadores do México e professor de arqueologia maia, acredita que ir até lá é fundamental para o projeto.
"Se realmente queremos divulgar uma descoberta tão importante, o jovem deve ir a campo e comprovar que se trata realmente de sua grande descoberta. Senão, pode ficar em uma situação muito ruim", disse Cobos.
Desde 2014, a área arqueológica de Calakmul e os bosques tropicais da região foram declarados "bem misto" na lista do Patrimônio Mundial da Unesco, dado seu valor cultural e natural.
Segundo Cobos, a área assinalada por William foi "ampla e extensivamente explorada desde a década de 1930".
"Esta peculiar proposta de explicar a distribuição espacial de assentamentos maias foi feita em outras ocasiões e foi contundentemente rechaçada por diversos pesquisadores mexicanos e não mexicanos", disse.
Dúvidas no México
O Instituto Nacional de Antropologia e História do México – a principal agência governamental sobre o tema – descartou a teoria da cidade maia perdida elaborada pelo adolescente canadense.
"Já nos consultamos com especialistas, com arqueólogos e essa informação que saiu não está fundamentada arqueologicamente", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Ivonne Falcón, porta-voz da instituição.
Para o arqueólogo Héctor Hernández, no entanto, não é descabida a ideia da relação entre o cosmos e as cidades, apesar de que ainda é preciso pesquisar mais.
"É preciso considerar também (como ocorre com os fenômenos arqueoastronômicos) que há cidades por todos os lados e que é muito provável que elas coincidam com um ponto X traçado num mapa ou relacionado com cartas astronômicas", diz.
Os maias tinham profundo conhecimento astronômico e matemático, explicou Alejandro Farah, presidente da Sociedade Astronômica do México, à agência de notícias EFE.
Todas as suas cidades foram construídas "não por capricho humano, e, sim, porque estavam em contato com a natureza, tanto na terra quanto no céu", explicou.
Eles se baseavam sobretudo, diz Farah, "no ciclo do ano para definir as orientações dos edifícios e as dimensões das cidades".
Fama repentina
William começou sua pesquisa em 2014, quando ganhou o primeiro prêmio de um concurso de ciências da província de Québec.
Sua fascinação pelo mundo maia começou anos antes, no momento em que a mídia discutia a previsão do calendário maia sobre o fim de uma era, que aconteceria no dia 21 de dezembro de 2012.
A BBC Mundo tentou entrevistar William, mas sua mãe, Josée Brison, respondeu que no momento ele não dará declarações, já que precisa se concentrar nas provas escolares.
Mas o jovem falou ao jornal local Le Journal de Québec e disse que "as pessoas me cumprimentam e me dizem para continuar com a pesquisa".
"No supermercado, alguém me disse que eu parecia o jovem que descobriu uma cidade maia. Eu disse que era eu mesmo."
Depois que a notícia se espalhou por jornais das Américas e da Europa, Brison diz que teve dificuldade para administrar a popularidade de seu filho.
Antes de sua possível viagem para o mundo maia no México, William já planeja visitar a Exposição Internacional de Ciências que acontecerá no Brasil em agosto de 2017, onde pretende apresentar os resultados de sua pesquisa.
"Seria o ápice dos meus três anos de trabalho e o sonho da minha vida", diz.