terça-feira, 21 de agosto de 2007

CALÇOENE – A Stonehenge Brasileira

(adaptação Leila Ossola)

Um conjunto de pedras dispostas em círculo foi encontrado no Amapá, estado da Região Norte do Brasil. Estas pedras foram encontradas por arqueólogos do Iepa (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) e, segundo eles, este conjunto seria vestígio de um observatório astronômico pré-histórico, localizado no município de Calçoene, a 390 quilômetros da capital do Estado amazônico.


Tal estrutura, estaria ligada a eventos celestes, como o solstício de inverno (momento do ano em que um dos hemisférios da Terra está na sua posição mais distante do Sol).


São 127 pedras escuras, com mais de 4 metros de altura fincadas no solo num círculo de 30 metros de diâmetro. Duas delas parecem indicar o solstício de inverno (época do ano em que o Sol atinge seu grau mais afastado da Linha do Equador), como se formassem um observatório astronômico pré-histórico. Para os leigos, este agrupamento de pedras pode lembrar Stonehenge, o famoso monumento megalítico localizado na Inglaterra mas já para os arqueólogos, o sítio de Calçoene, a 390 quilômetros ao norte de Macapá, é uma excelente oportunidade para se desvendar segredos dos índios pré-colombianos e principalmente da ocupação humana da Amazônia.

Os gaúchos Mariana Pety Cabral e seu marido, João Darcy de Moura Saldanha, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá, foram os primeiros a escavar o local de forma sistemática.

No solstício do ano passado, dia 22 de dezembro (data válida para o Hemisfério Norte, onde se localiza Calçoene), o casal estava no sítio e percebeu que um dos menores não projetava sombras para os dois lados - apenas em direção a um buraco desenhado num bloco vizinho. O fenômeno indica que a pedra está exatamente alinhada ao Sol, tanto que no zênite (o momento em que o Sol atinge sua posição mais alta no céu) nenhuma sombra foi projetada.

A presença de círculos de pedras maciças no Amapá é conhecida há tempos.Os próprios moradores de Calçoene já sabiam da existência das pedras. Mas é a primeira vez que alguém tenta atribuir formalmente um significado astronômico a elas, diz a arqueóloga Mariana Petry Cabral, coordenadora do estudo do Iepa ao lado de seu colega e marido João Saldanha.

"Trata-se de uma estrutura muito bonita, no alto de uma colina", conta ela. "Quando passamos a examiná-la, percebemos uma inclinação que poderia estar associada ao solstício de inverno e decidimos verificar isso".

Pouco se sabe sobre a população que ali viveu, mas um monumento deste porte não pode ter sido feito em pouco tempo. “Ela exige bastante gente, uma certa permanência no lugar e uma certa organização social, para que uma obra coletiva se viabilize”, explica a arqueóloga.



A misteriosa e impenetrável Floresta Amazônica esconde estonteantes mistérios



Eles encontraram fossas repletas de vasos de cerâmica decorados, dispostas por toda a área e fechadas com grandes círculos de pedra. O material já indica que uma das principais teses de ocupação amazônica não explica este povo. Formações semelhantes são encontradas no Caribe contudo, as características observadas nos vasos de Calçoene indicam que a população que li viveu era efetivamente tropical, não do Caribe.

Ainda é cedo para estabelecer certezas sobre esta população. Hoje, os arqueólogos trabalham com uma série de hipóteses, num exercício imaginativo sobre o passado. Um exemplo é a data de ocupação: pode ter sido de 2 mil anos atrás até a chegada dos europeus, mas a resposta só virá com o resultado da datação do matéria mas aos poucos eles começam a desenhar o que teria ocorrido ali.


Eles tiraram a prova (no hemisfério Norte, onde está o Amapá, a data costuma corresponder ao dia 22 de dezembro) e dizem ter verificado que uma das pedras realmente parece estar exatamente alinhada com o Sol no solstício de inverno. Nesse dia, quando o astro alcança sua posição mais alta no céu (o chamado zênite), ele apareceria logo acima da pedra, de forma que ela não lança sombra nenhuma no chão.

A hipótese de Cabral é que o círculo tenha sido um misto de observatório e centro ritualístico...

Para Germano Afonso, especialista em arqueoastronomia da Universidade Federal do Paraná, tanto a localização quanto a disposição das pedras são coerentes com a interpretação astronômica No entanto, ele diz não concordar com a hipótese, levantada por Cabral, de que apenas uma sociedade complexa poderia ter montado a estrutura. O astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, por sua vez, diz que é "uma pretensão" associar o sítio a Stonehenge.

Estamos aguardando provas mais detalhadas do assunto.





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