Por Audemário Prazeres
10/10/2009 |
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“O
arqueólogo não escava objetos, mas civilizações”, dizia Sir Mortimer
Wheeler. E com razão: foi através do exame meticuloso de documentos,
monumentos e peças de arte, “testemunhos” arqueológicos deixados por
nossos antepassados, que a arqueologia reconstituiu parte da história da
humanidade. A arqueoastronomia, por sua vez, destina-se a estudar o
conhecimento astronômico dos povos antigos, em especial do homem
pré-histórico e daqueles que deram início às civilizações. Surgida no
final do século passado, a moderna arqueoastronomia (ou arqueologia
astronômica), tem como precursor e fundador o astrônomo inglês Sir
Norman Lockyer (1836-1920), que se dedicou ao estudo dos alinhamentos
das pirâmides egípcias e das construções megalíticas (de mega = grande;
lítico = pedra) inglesas e francesas, em relação às estrelas, ao Sol e à
Lua.
À esquerda, Sir Mortimer Wheeler. À direita, Sir Norman Lockyer.
Para
o homem pré-histórico, o firmamento tinha um significado bem diverso do
que, imaginamos, tem para nós, homens modernos. Para eles, sem a
poluição luminosa das grandes cidades, a harmonia da imensa abóbada
noturna de pontos luminosos situada imediatamente acima de suas cabeças –
bem como a Lua e, durante o dia, o Sol e sua fonte de luz (que aquecia
e, igualmente, cegava) – regia e ordenava a sucessão de fenômenos que
ocorriam no espaço terrestre em que viviam, tornando-se, assim, nessa
visão de mundo, o componente principal de sua existência.
A
astronomia é considerada a mais antiga das ciências e a que desempenhou
o mais importante papel em toda a história da humanidade. Sendo assim, a
criação da arqueoastronomia tem um papel fundamental nesse contexto.
Pois o mais primitivo ser humano, nosso antigo ancestral, se interessou
em observar os fenômenos astronômicos que ocorriam à sua volta e, na
medida do possível, tentou compreendê-los. Sem saber, ele já estava
praticando a astronomia. Entretanto, os primeiros registros da
astronomia só ocorreram por volta de 3.000 a.C.
Para
as tribos mais antigas, os astros tinham muita importância prática. O
Sol fornecia calor e luz durante o dia, e a Lua, luz durante a noite. Ou
seja, inicialmente, a atenção dos homens primitivos era atraída para os
corpos celestes que afetavam diretamente sua vida cotidiana. O
desconhecimento da verdadeira natureza dos astros e os sentimentos de
curiosidade, admiração e temor por eles produzidos, levou-os a acreditar
na sua natureza divina. O Sol era um deus e a Lua uma deusa. As
estrelas eram luzes fixas num hemisfério sólido sob o qual se estendia a
terra plana. Foi com esses conceitos que mais adiante se constituiu a
astrologia (“ciência das adivinhações”).
A
riqueza de conhecimentos astronômicos associados à cultura dos nossos
povos indígenas é absolutamente fantástica. É bem verdade que essa gama
de cultura associada aos astros é encarada, nos tempos atuais, como algo
lúdico, folclórico, místico, entre outros conceitos. Mas temos que
levar em conta as circunstâncias do saber científico daquela época e a
própria cultura de algumas etnias.
Os
portugueses encontraram o Brasil povoado por numerosos grupos
indígenas, entre os quais se constituíam como principais os
Tupis-Guaranis, que viviam no litoral brasileiro. À época do
descobrimento e da colonização, era a seguinte distribuição dos
Tupis-Guaranis:
-
Os Tupinambás ocupavam trechos das costas brasileiras que se estendiam
desde o Maranhão, até os arredores da antiga Baía da Guanabara.
- Os Potiguares ocupavam o atual estado do Rio Grande do Norte e parte da Paraíba.
- Os Tabajaras viviam no litoral de Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e São Vicente.
- Os Caetés viviam na região compreendida entre a Paraíba e a foz do rio São Francisco.
- Os Tupiniquins, que foram os índios com os quais os portugueses entraram em contato pela primeira vez, viviam na Bahia.
- Os Tamoios , notáveis pela resistência (em relação aos portugueses), ocupavam o Rio de Janeiro e São Paulo.
- Os Carijós e os Tapes ocupavam toda a área litorânea compreendida entre o Paraná e o Rio Grande do Sul.
Corte cultural padrão nos cabelos dos Tupinambás. Ilustração: Adeumário Prazeres.
Os
nossos índios viviam agrupados em “nações”, que eram governadas por um
chefe chamado “tuxaua”, tendo ainda um chefe guerreiro chamado
“morubixaba”, e um chefe religioso chamado de “pagé”. O pagé era o chefe
tribal mais respeitado, e se achava revestido de funções mágicas,
medicinais e religiosas. Cabia ao pagé prever a chegada das chuvas e os
acontecimentos relacionados com a vida da nação (paz, guerra, boas e más
colheitas etc), além de curar doenças e conduzir rituais que levavam à
“passagem” entre o nascimento, casamento e morte. Nesse ponto, vemos
mais marcantes as “influências” dos astros no dia-a-dia de cada aldeia
(nação).
Podemos,
claramente, perceber que o conhecimento dos mais longínquos ancestrais
dos remanescentes índios brasileiros já tinham noção sobre astronomia.
Vemos esse conhecimento ricamente contido em suas lendas e crenças de
formação da abóbada celeste e do nosso planeta, com a vida aqui
existente. Esses conhecimentos foram repassados de geração em geração na
forma oral, inseridos nos seus costumes.
Os
Tupis-Guaranis se baseavam na crença de que as forças da natureza, tais
como o trovão, o Sol, as tempestades, eram um simbolismo das moradas
dos deuses. Eles necessitavam de “adorações”, para permanecerem calmos,
diminuindo sua fúria. Dentre as divindades mais importantes, destacamos:
Monan, criador do céu e da terra; Iara, a mãe dos rios e oceanos; Tupã , deus relacionado ao trovão; e a Caapora, divindade presente nas florestas.
Mas,
quando falamos sobre atos de canibalismo ou antropofagia dos índios
brasileiros, nos deparamos com essa prática de maneira mais marcante com
os índios Tupinambás, apesar de encontrarmos registros de que os índios
Cariris (Kariri), presentes de forma mais marcante entre Alagoas e
Pernambuco, também cultuarem os rituais de canibalismo. Identificamos
sub-grupos dos Cariris no vale do São Francisco nos séculos XVII e
XVIII, mas encontramos registro da sua permanência em outras regiões,
que compreendem a Chapada do Araripe, o Sertão de Alagoas, a Paraíba e
outros estados do Nordeste.
Podemos situá-los fortemente na cidade de Palmeira dos Índios, município brasileiro do estado de Alagoas ,
que, em 2004, tinha uma população estimada em 69.211 habitantes. A
cidade ocupa terras que foram um dia uma importante aldeia dos índios
Xucurus-Cariris, onde foi criada uma freguesia, em 1798, passando a ser
vila em 1835 e elevada à categoria de cidade em 1889. O famoso escritor
alagoano Graciliano Ramos já foi prefeito de Palmeira dos Índios.
Um “astronauta” Cariri. Ilustração: Adeumário Prazeres.
Os
Cariris tinham uma vestimenta feita de palhas, chamada de praiá,
utilizada nos seus rituais regiliosos. Se utilizarmos a nossa
imaginação, vemos que um ato bem comum das civilizações antigas era
adorar os astros e os fenômenos que nele surgiam. Pois bem, podemos
sugerir, ao vermos um índio Cariri vestindo um praiá, tratar-se de uma
vestimenta alusiva aos astronautas. Se não, vejamos: observe, no desenho
reproduzido acima, que o alto de sua cabeça nos faz lembrar uma antena;
e a parte que lhe cobre o rosto, um capacete; e as demais partes do
praiá, cujas pontas encontram-se soltas, imaginemos, no momento da sua
dança, o índio “flutuar”, como se estivesse em um ambiente sem
gravidade. Todas essas conjecturas não podem ser totalmente descartadas,
uma vez que apresentam um certo sentido lógico.
Com
relação ao ato de “comer pessoas”, por parte dos Tupinambás, na
verdade, temos que entender que estamos lidando com um rigoroso ritual
nobre desse povo, e não como uma “gastronomia típica ” ou “escassez” de carne na região, ou ainda algo simbolizando serem “índios sanguinários”.
Esse
ato de canibalismo era uma forma de bravura, um gesto honroso de uma
cultura de seus antepassados. Assim sendo, os Tupinambás visavam,
prioritariamente, a captura de seus prisioneiros, em especial, os
europeus ainda vivos. Esse interesse era latente por parte dos
guerreiros Tupinambás. Em alguns registros de época daquelas pessoas que
conseguiam fugir, vemos que os índios levavam trançados de corda
apoiadas em seus pescoços para capturar seus inimigos e levá-los para a
aldeia.
Essa
captura exigia um código de ética entre os guerreiros, pelo qual o
prisioneiro pertencia àquele que primeiro o tivesse tocado. Isso, na
prática, resultava em alguns momentos em disputas violentas entre os
guerreiros Tupinambás. Afinal, não era comum apenas um guerreiro
capturar um inimigo, esse ato era feito por dois ou mais guerreiros ao
mesmo tempo. Nesse caso, quando havia disputa de interesse pelo
prisioneiro, o mesmo era abatido no local e retalhado entre os que
disputavam sua posse.
Por
outro lado, o chefe da tribo exigia que suas ordens fossem cumpridas, e
que o capturado chegasse ainda vivo na aldeia, para que as mulheres
pudessem vê-lo e para celebrar o ato de antropofagia com muita festa. Já
aqueles prisioneiros abatidos no campo de batalha tinham seus corpos
desmembrados em partes, que depois eram assadas e comidas no local ou
levadas para a aldeia. No desenho abaixo, vemos o prisioneiro amarrado
pela cintura e segurado por dois índios, tendo um outro com o maracá no
momento do abate de sua vítima.
Ritual Tupinambá, em que o prisioneiro e o maracá eram enfeitados com plumas e tintas coloridas. Ilustração: Adeumário Prazeres.
Mas
o que ocorria com aqueles que foram capturados vivos e levados para a
aldeia? Inicialmente, o guerreiro responsável pela captura era recebido
com honrarias, tendo as mulheres mais velhas lançado cinzas em suas
costas, simbolizando “recompensas” pela façanha.
O
grupo de guerreiros vitoriosos entrava na aldeia de maneira triunfal,
agrupava seus prisioneiros em um círculo e lhes entregava um “maracá”
para que eles dançassem e agitassem o mesmo. Nesse instante, havia um
discurso por parte dos guerreiros: “Partirmos, como fazem os bravos,
para prender-vos e devorar-vos, a vós, nossos inimigos. Fostes, porém,
mais felizes e caístes prisioneiros. Não nos queixamos da sorte. Os
valentes de verdade morrem na terra dos seus inimigos. Nosso país é
grande e os patrícios se vingarão de vós”. Ao final desse discurso, os
capturados eram obrigados a dizerem, gritando: “Eu, a vossa comida,
cheguei”.
Um
fato curioso é que o guerreiro mudava de nome e se as mulheres velhas
tivessem comido a carne do capturado, elas também mudavam de nome. Já
aqueles capturados que se mostravam vigorosos no momento da luta e no
aprisionamento eram identificados como “perigosos”, sendo amarrados pelo
pescoço com quatro cordas, tendo ainda suas mãos também amarradas
abaixo do seu queixo. Nesse momento de apresentação aos demais da
aldeia, o preso era insultado e maltratado, tendo suas partes do corpo
marcadas com mordidas por aqueles que iriam devorá-lo depois.
Por
outro lado, aqueles capturados e considerados menos perigosos eram
amarrados todas as noites a uma árvore e lhes forneciam uma rede para
que dormissem comodamente, sendo tratados como “meu bichinho cativo”.
Uma coisa é certa, todo capturado era transformado em escravo do
guerreiro detentor de sua posse. Havia escravos que eram dados de
presente a outros Tupinambás, sendo esse ato algo muito honroso. Se o
guerreiro tinha algum filho, esse recebia o escravo também como
presente, sendo então a sua primeira vítima e a condição para esse filho
ter o seu primeiro título (nome).
Onde encontramos a astronomia nos rituais de canibalismo?
O
prisioneiro escravo era depilado e tesourado como um Tupinambá (corte
de cabelo). Sua condição diferencial dos nativos era o fato dele possuir
no pescoço uma grossa corda (tipo um colar), bem dura, feito madeira,
tendo ainda uma espécie de franja, na qual possuía um nó especial que só
o guerreiro detentor sabia desatar.
Esse
tipo de colar de corda no pescoço do capturado tinha um significado
ainda maior do que apenas diferenciá-los como escravos. Na verdade, era
um rústico calendário, pelo qual se sabia o tempo de ceva do prisioneiro
para o seu abate. Esse colar possuía fios de algodão com tranças que
nos lembram contas redondas de um rosário. Se os Tupinambás queriam
deixar cevando seus prisioneiros por mais tempo, os seus respectivos
colares teriam mais contas redondas, que simbolizavam cada Lua cheia.
Haviam escravos que foram capturados ainda crianças, e essas recebiam um
colar com várias contas arredondadas, e eram abatidas na condição de
adultos. Nesses casos, e em outros, muitos escravos viviam muito bem na
aldeia. Podiam ter relações sexuais com índias solteiras e participavam
de brincadeiras e festas como qualquer nativo da aldeia. Se surgisse
algum filho por conta do relacionamento do escravo com a índia, esses
eram considerados “inimigos”, sendo criados como filhos normais da
aldeia, mas na sua fase adulta, eram mortos como o escravo que os gerou.
Os
Tupinambás viam na Lua e no Sol astros de grande poder, mas não sabiam
ao certo como descrever o quão grande seria esse poder. Por um lado,
eles viam a Lua como um astro subordinado ao Sol, e a sua
representatividade como Lua cheia era o ponto místico ideal para abater
as suas vítimas.
Os
Tupinambás, por exercerem a prática de uma observação contínua da Lua,
conheciam e utilizavam as suas respectivas fases não só para o seu
ritual antropofágico, mas para outras atividades importantes na
sobrevivência de sua espécie. Pois eles sabiam os melhores dias para
caça e pesca, além de aplicarem esses conhecimentos em suas plantações
e, principalmente, no corte da madeira.
Esse
melhor período baseado na fase lunar era entre a Lua cheia e a Lua nova
(minguante). Da Lua nova para a Lua cheia, em virtude talvez do aumento
de claridade, os animais tendiam a ficar mais ativos. Particularmente,
na condição de trilheiro há vinte anos, eu sinto, nos diversos
acampamentos que realizo no meio do mato, que a claridade da Lua faz
surgir mais insetos e animais peçonhentos, principalmente, as cobras.
A seguir, apresento alguns vocábulos dos Tupinambás:
- Koarassuh (Coaraci) = Sol
- Yasseuh (Jaceí) = Lua
- Yasseuh-tata (Jaceí-tata-uaçu) = As demais estrelas
É
interessante sabermos que os povos indígenas brasileiros dominavam um
vasto conhecimento empírico em vários segmentos. No tocante à
astronomia, os antigos Tupinambás tinham noções metereológicas, pelas
quais podiam prever chuvas e as grandes marés, dando ênfase à
observação, principalmente, da Lua. É bem sabido que eles também
dominavam outros conhecimentos associados a outros astros, como o Sol,
estrelas, planeta Vênus, constelações, entre outros. Mas o fato de
observarem atentamente as fases da Lua fez com que eles adquirissem um
grande conhecimento ecológico. Podemos sugerir que os Tupinambás eram os
“reis do mato”, pois sabiam os hábitos de diversos animais,
amadurecimento de frutos e até o melhor momento para o corte de suas
madeiras (costume ainda presente no homem do campo brasileiro). De posse
desse conhecimento empírico, e sabendo os hábitos dos animais, eles
planejavam suas trilhas, visando facilitar a caça e a pesca desses
animais.
A
arqueoastronomia é uma ciência extremamente importante, pois é por meio
dela que chegamos a algumas conclusões bem interessantes. O
conhecimento dos índios Tupinambás da influência da Lua sobre as marés
ainda não era oficialmente conhecido pelos europeus. Essa influência da
Lua nas marés somente foi exposta de maneira clara por Newton, quando
sugeriu a atração gravitacional entre a Lua e o Sol como sendo a fonte
geradora das marés.
O momento certo da pesca. Ilustração: Adeumário Prazeres.
Os
Tupinambás sabiam que o fluxo e o refluxo do mar eram provenientes da
Lua cheia e da Lua nova. Assim, mesmo antes dos europeus, eles já sabiam
o momento das marés alta e baixa. Em uma época em que as técnicas de
navegação eram uma prioridade no desenvolvimento de conquistas e
comércio em novas terras, o conhecimento da influência da Lua nas marés,
em uma área privilegiada – a faixa dos trópicos, no litoral brasileiro
–, é simplesmente fantástico.
Os
Tupinambás foram praticamente extintos no século XVIII, mas os Guaranis
herdaram e desenvolveram suas tradições (menos o ato de canibalismo).
Uma das referências escritas da época, pelas quais sabemos das tradições
e dos rituais religiosos, entre eles os de canibalismo, são os escritos
do alemão Hans Staden, que fez duas viagens ao Brasil (de 1547 a 1548 e
de 1550 a 1555). Na sua última vinda, ele ficou “cevando” (prisioneiro)
entre os Tupinambás por cerca de nove meses e meio. Staden conseguiu
fugir, deixando de ser “alimento” para os índios.
Adeumário Prazeres é presidente da Sociedade Astronômica do Recife e presidente fundador da Associação Astronômica de Pernambuco.
Para saber mais:
“Astronomia Desâna”, revista Ciência Hoje , vol. 6, n° 36, outubro de 1987.
“Etnoastronomia”, revista Scientific American n° 14, 2006
História do Brasil , de Rocha Pombo, Editora Melhoramentos, II Volume, 1966.
Tempo dos Flamengos , de José Antônio Gonçalves de Melo, Fundação Joaqui Nabuco, 1987
A religião dos Tupinambás , de Alfred Métraux, Editora Brasiliana, volume 267, 1979.
Os índios Xucurus e Kariri em Palmeira dos Índios ”, de Luiz B. Torres, 4° edição, 1984.
Viagem ao Brasil , de Hans Staden, Editora Martin Claret, 2008.
Coleção Terra Brasilis , de Eduardo Bueno, Editora Objetiva, 1998.
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quarta-feira, 26 de junho de 2013
Arqueoastronomia: o canibalismo do indígena brasileiro associado à astronomia
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Arqueólogos descobrem antiga cidade maia em selva do México
Localidade de Chactún, no leste do país, ficou oculta durante séculos.
Região de 22 hectares viveu seu esplendor entre os anos 600 e 900 d.C.
Da France Presse
Batizada de Chactún, área teve seu esplendor
entre 600 e 900 d.C. (Foto: Instituto Nacional de
Antropologia e História do México/Divulgação)
entre 600 e 900 d.C. (Foto: Instituto Nacional de
Antropologia e História do México/Divulgação)
Um grupo internacional de arqueólogos descobriu em Campeche, no leste
do México, uma antiga cidade maia que dominou uma vasta região há 1.400
anos, informou nesta terça-feira (18) o Instituto Nacional de
Antropologia e História (Inah) do país. Veja o vídeo do achado no YouTube.
A cidade "permaneceu oculta na selva" durante séculos, até ser
descoberta há duas semanas por uma equipe que a batizou de Chactún, que
significa "Pedra Vermelha" ou "Pedra Grande" no idioma maio, segundo o
Inah.
A expedição foi financiada pela National Geographic Society e pelas empresas Villas, da Áustria, e Ars longa, da Eslováquia.
A cidade maia, situada entre as regiões de Rio Bec e Chenes, tem mais
de 22 hectares e viveu seu esplendor entre os anos 600 e 900 d.C.
"É definitivamente um dos maiores sítios das Terras Baixas Centrais"
dessa civilização, disse o arqueólogo Ivan Sprajc, do Centro de
Pesquisas Científicas da Academia Eslovena de Ciências e Artes, que
liderou a expedição.
"São as estelas (pedras verticais destinadas a inscrições ou
esculturas) e altares que melhor refletem o esplendor dessa cidade,
contemporânea de outros centros maias, como Calakmul, Becán e El
Palmar", destacou o Inah.
Inscrições em uma das estelas contam que o governante K'inich B'ahlam
"cravou a Pedra Vermelha no ano de 751". O sítio tem numerosas
estruturas de tipo piramidal, com até 23 metros de altura, além de dois
campos para jogar bola, pátios, praças, monumentos e residências.
A descoberta foi possível graças à análise de fotos aéreas de vestígios
arquitetônicos, explicou Sprajc. Segundo o arqueólogo, o achado pode
esclarecer a relação entre as regiões de Rio Bec e Chenes, assim como
seu vínculo com a dinastia Kaan, estabelecida em Calakmul.
Cidade maia ficava ao norte da Reserva da Biosfera de Calakmul, no México
(Foto: YouTube/Reprodução)
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