terça-feira, 22 de abril de 2008

Sítio arqueológico na Colômbia pode ter mais de mil tumbas

Cemitério indígena tem cerca de 1.500 anos, estimam os arqueólogos.Ruínas foram descobertas por acaso, durante uma obra.

Estudantes da Universidade Nacional da Colômbia fazem escavações em um cemitério indígena em Usme na segunda-feira (21). Especialistas estimam que o sítio arqueológico guarde mais de mil tumbas. (Foto: Reuters/John Vizcaino)



O sítio arqueológico de Usme, ao sul de Bogotá, tem cerca de 1.500 anos. Ele foi descoberto por acaso, durante uma obra. (Foto: Reuters/John Vizcaino)
Do Globo on line

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Mistério das Piramides - blog de Cássio Leandro Barbosa



Andei sumido por mais de um mês por diversos motivos, mas estou de volta! Tive alguns compromissos e obrigações que me obrigaram a deixar o blog por um tempo. Alguns destes motivos eu vou apresentar aqui, eles têm tudo a ver com astronomia, de hoje e de 4.000 anos atrás! Um dos motivos do meu afastamento foi uma viagem que precisei fazer ao Egito, mais especificamente ao Cairo para um congresso. Além da astronomia feita atualmente tivemos contato com aquela de 2.000 a.C.. Fomos visitar alguns monumentos e, não só eu mas também vários outros colegas ficamos maravilhados com a engenhosidade dos antigos egípcios.Mas o que isto tem a ver com astronomia? Tudo!

Quem ordenou a construção das pirâmides foram os faraós, quem as construíram foram os engenheiros, quem as projetaram foram os astrônomos! Naquela época (e durante muito tempo, para falar a verdade) os astrônomos se confundiam com os sacerdotes. A construção das pirâmides, por exemplo, seguia rigorosamente preceitos astronômicos, desde a definição do local da construção até o corte dos blocos de pedra! A posição das pirâmides no solo marca posições de estrelas e/ou constelações celestes. Elas estão relacionadas com o aspecto do céu no momento do nascimento do faraó. Isso explica por que algumas pirâmides estão tão distantes umas das outras e pertenceram a pai e filho, por exemplo. Esse fato, inclusive, foi descoberto recentemente com o uso de GPS. As pirâmides em si, estão orientadas com cada face em direção a um ponto cardeal. E como isso foi possível? Através da observação meticulosa e cuidadosa do céu, dia após dia, noite após noite, durante séculos. Fundamental também foi o cuidado com a transmissão do conhecimento adquirido por gerações anteriores.

Os blocos de pedra, por exemplo, formam encaixes quase perfeitos. As bordas destes blocos têm, às vezes, um metro de comprimento e formam linhas retas, quase perfeitas. Como os engenheiros conseguiam isso? Eles esticavam uma corda e deixavam a sombra do Sol marcar uma linha reta no solo. Daí era só marcar a rocha e cortar com cuidado. Cada bloco era transportado sobre troncos e eram encaixados com o auxílio de rampas em níveis cada vez mais altos.

Algumas câmaras, em especial as câmaras funerárias, tinham alguma fresta por onde o Sol entrava no nascer de um dia específico. O aniversário do faraó, ou o início do verão, por exemplo. Toda essa engenharia só foi possível com a observação cuidadosa e paciente do céu. E isso naquela época era uma necessidade vital. Esta observação ditava o calendário da população, que se relacionava basicamente com o período de cheia do Nilo. Eram quatro meses de inundação onde a água subia mais de 10 metros algumas vezes, fazendo com que a agricultura fosse abandonada. Esse período de cheias, ligado ao regime de chuvas, precisava ser previsto, pois durante esta época não havia como plantar nem colher nada. Se não houvesse estoques de comida, haveria fome e faraó que deixava seu povo passar fome não durava muito.

A forma de vários destes monumentos também parece estar ligada a fenômenos astronômicos. As pirâmides representariam os raios de Sol vindos do céu, mas há também quem diga que representam a ascensão do faraó aos céus. Os obeliscos representariam os raios do Sol nascente, assim que ele desponta no horizonte, chamados hoje em dia de pilar solar.Obras de engenharia baseadas em astronomia na idade antiga são incontáveis, não só no Egito. Tão interessante quanto as obras em si, é ver a evolução que elas sofreram no decorrer do tempo. Mais ao Sul do Cairo, onde estão as famosas pirâmides de Quéops, Quéfrem e Miquerinos (três gerações de faraós), existe a primeira pirâmide conhecida, feita em degraus. Muito tempo depois é que os engenheiros resolveram cobrir esses degraus com uma camada de pedras que deixava cada face lisa. A primeira pirâmide que recebeu esta camada foi a pirâmide de Snefru, em Dashur. Só que as faces destas pirâmides eram muito inclinadas para se sustentar e no meio da construção os engenheiros tiveram de fazer uma mudança estrutural de modo que a metade faltante ficasse com uma inclinação mais suave. Esta pirâmide é conhecida como “a pirâmide torta”. No final da construção o faraó mandou que fosse construída uma outra pirâmide, mas não sei se os engenheiros da pirâmide torta tiveram um final feliz…

Isso mostra um dos primórdios do método científico, popularmente chamado de tentativa e erro. Depois desta experiência, todas as pirâmides saíram com inclinações mais suaves, finalizadas com estabilidade. Isto tudo demonstra a inteligência e a sagacidade humana, capazes de projetar e construir obras monumentais nos mais remotos tempos da história. Chega a ser ofensivo ouvir gente dizendo que as pirâmides são obras de E.T. por que os egípcios nunca as poderiam ter construído. Talvez se eles tivessem ficado pensando em bobagens assim nunca as teriam construído mesmo, mas ao invés disto projetaram e construíram ferramentas tão impressionantes quanto as obras que estão a nos contemplar há 30 séculos, parafraseando Napoleão.

Bom, um pouco de astronomia e um pouco de história na volta ao blog. No próximo post, mais um dos motivos para o meu afastamento. Não vai demorar tanto, eu prometo!

Por Cássio Leandro Barbosa - G1

domingo, 13 de abril de 2008

Peças arqueológicas encontradas em obra viram exposição


De porcelana portuguesa com brasão real a cerâmica feitas por escravos. O Centro Cultural da Justiça Eleitoral, no Centro do Rio, conseguiu um acervo da história brasileira antes mesmo de inaugurar. Durante as escavações que preparavam a antiga sede do Tribunal Superior Eleitoral no Rio, foram encontrados inúmeros fragmentos que contam um pouco da vida brasileira no século XVII.

Veja a galeria de fotos

Parte do material foi achada durante a escavação para aumentar o pé-direito da construção e fará parte de uma exposição que vai inaugurar o centro cultural nesta quinta-feira (10), às 20h30. O restante será encaminhado ao Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB).“Estávamos fazendo um monitoramento arqueológico e encontramos desde louças a ossos de animais de grande porte e humanos. Mas o que mais impressionou foi a quantidade”, contou a arqueóloga responsável Guadalupe Nascimento Campos.

O CCJE fica na Rua Primeiro de Março 42, no Centro, e a exposisação vai funcionar de quarta a domingo, das 12h às 19h.

Do Globo on line

Arqueólogos avisam que teatros gregos antigos estão ruindo


Epidauro
Arqueólogos disseram na quinta-feira (10) que teatros ao ar livre na Grécia que datam da antiguidade estão ruindo devido ao descuido e necessitam de intervenção governamental rápida para serem salvos. A Grécia, berço da dramaturgia clássica no século 5 a.C., tem dezenas de teatros que são uma parte crucial do patrimônio cultural clássico do país. Mas, enquanto cerca de 30 deles têm condições de abrigar eventos culturais, 76 necessitam urgentemente de reparos, disseram os arqueólogos. "Os teatros da antiguidade precisam ser preservados constantemente. Alguns precisam ser restaurados. Sobretudo, porém, o que precisam é ser usados", disse o professor de arqueologia clássica Petros Themelis.

Arqueólogos, arquitetos e dignitários do setor político e cultural grego se uniram para pressionar o governo a tomar medidas para preservar as estruturas. "A situação de nossos monumentos é desanimadora", disse o ex-ministro socialista da Cultura Stavros Benos, um dos fundadores do grupo. "Nosso objetivo é exercer pressão construtiva sobre o governo neste assunto."

O célebre teatro de Epidauro, erguido no século 4 a.C. no nordeste da península do Peloponeso, atrai milhares de turistas todos os anos para assistir a peças gregas antigas de dramaturgos como Sófocles ou Eurípedes.

Famoso por sua acústica, é o mais usado dos teatros da antiguidade. Outros foram devastados pela passagem do tempo e as forças da natureza. O teatro Dionísio, do século 6 a.C., situado na Acrópole de Atenas, serviu de modelo para o de Epidauro e era o lugar onde as peças gregas eram apresentadas originalmente na antiguidade. Mas se encontra deteriorado e sem condições de abrigar eventos culturais. Arqueólogos disseram que os teatros antigos deveriam fazer parte do cotidiano, para que possam ser preservados."Poderíamos restaurá-los, mas a natureza os destruirá novamente (se não forem usados)", disse Themelis.

Sabe-se da existência de outros 28 teatros da antiguidade, mas eles ainda não foram localizados ou desenterrados.

Da Reuters

sábado, 12 de abril de 2008

Altar maia de até 300 anos a.C. é descoberto na Guatemala

Peça foi descoberta em 10 de março, mas somente divulgada agora.Altar pode ajudar a descobrir nome original da antiga cidade. Arqueólogos descobriram um altar maia que data de 200 a 300 anos antes da era cristã, no parque nacional Tak'alik Ab'aj, em El Asintal, Retalhuleu, 196 km ao sul da capital da Guatemala. "Em sua superfície, tem uma tartaruga esculpida, cujo desenho é olmeca, e dentro dela está representado um personagem com tanga e cocar maia, sentado em seu trono, com as pernas cruzadas", informou à imprensa local Christa Schieber, diretora dos trabalhos arqueológicos.

De acordo com Schieber, o altar, que foi descoberto dia 10 de março, mas divulgado apenas esta semana, pode fornecer dados do fundador dessa dinastia, assim como o nome original da cidade. O diretor desse parque arqueológico, Miguel Orrego Corzo, explicou ao jornal "Prensa Libre" que o altar tem 1,20 m de largura, por 1,50 de altura e cerca de 40 centímetros de espessura, e sua data remonta, presumivelmente, a 300-200 anos a.C. "Se esse altar tivesse sido encontrado em Petén, não teria sido notícia, mas encontrá-lo na costa é todo um acontecimento para o mundo arqueológico, porque pode provar que a cultura maia nasceu na costa sul", frisou Orrego.

Da France Presse

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Especialistas descobrem peças arqueológicas no leito do Nilo


Especialistas egípcios descobriram recentemente um conjunto de peças arqueológicas das épocas faraônica, greco-romana e copta no leito do rio Nilo, no sul do Egito, informaram membros do Conselho Supremo de Antiguidades (CSA). Em comunicado, o secretário-geral do CSA, Zahi Hawas, afirmou que a descoberta aconteceu a cerca de quarenta metros de profundidade nas proximidades da cidade de Assuã, a cerca de 960 quilômetros do Cairo. As antiguidades foram encontradas após intensos trabalhos de busca de vestígios arqueológicos em uma parte do rio localizada entre a ilha Elefantina e o hotel Old Cataract.

Entre as peças mais importantes encontradas está a parte da frente de um templo dedicado a uma divindade faraônica e pedaços de rocha com inscrições que datam da 26ª dinastia, que governou Egito entre os anos 664 a.C. e 525 a.C. Além disto, os arqueólogos encontraram um conjunto de capitéis que datam da época copta - que prosperou no Egito entre os séculos 1º e 7º - e que provavelmente fizeram parte de uma igreja que foi inundada pelas águas do Nilo.

Na mesma área os arqueólogos encontraram duas colunas de rocha de 7 e 27 metros de comprimento, além de ânforas e vasilhas da época greco-romana (30 a.C. - 328 a.C.). O principal responsável do CSA destacou que as peças encontradas são uma pequena parte de obeliscos, estátuas e colunas e outras peças que afundaram no Nilo quando transportadas por embarcações faraônicas. Estas antiguidades eram transportadas pelo rio das pedreiras de Assuã, onde eram esculpidas para a cidade de Luxor para a construção de templos faraônicos. As peças também eram transportadas para o planalto de Giza, na capital egípcia, para serem usadas na construção de pirâmides.

Da EFE
imagem meramente ilustrativa

Escavação revela pistas sobre origem de Stonehenge


Arqueólogos trabalham em meio às estruturas remanescentes de Stonehenge (Foto: BBC)


Arqueólogos que participam das escavações em Stonehenge, o monumento pré-histórico mais importante da Grã-Bretanha, afirmam que fizeram uma descoberta que poderá ajudar a finalmente descobrir o que causou a construção do monumento.

A equipe descobriu encaixes que já serviram de suporte para pedras menores do que os monolitos, feitas de arenito cinzento e que já não existem mais no local, que formavam a estrutura original do complexo monolítico. Os pesquisadores dizem acreditar que estas pedras menores podem revelar que Stonehenge foi um local de cura porque as populações antigas acreditavam que o arenito cinzento tinha este poder. A escavação, patrocinada pela BBC para um programa sobre arqueologia, é a primeira em mais de 40 anos realizada no monumento de mais de 4,5 mil anos e deve durar duas semanas. "A primeira semana (de trabalho) foi muito boa", disse o professor Tim Darvill, da Universidade de Bournemouth, que está liderando a equipe, junto com o professor Geoff Wainwright, presidente da Sociedade de Antiquários. "Conseguimos descobrir estas estruturas importantes", acrescentou Darvill. "É um processo lento, mas, no momento, tudo está indo exatamente como o planejado."

A próxima tarefa dos arqueólogos é extrair material orgânico dos suportes para descobrir quando as pedras de arenito cinzento chegaram ao local. Segundo os pesquisadores, as pedras de arenito teriam sido transportadas por 250 quilômetros, desde Preseli Hills, no País de Gales, até Salisbury Plain, em Wiltshire. Tudo movido pela crença no poder curativo das pedras.Segundo o professor Geoffrey Wainwright, isso pode permitir que Stonehenge seja chamado de "Santuário de Lourdes Neolítico". As grandes pedras do complexo monolítico, que foram transportadas de uma distância de cerca de 20 quilômetros, teriam chegado ao local muito tempo depois. Além da descoberta dos suportes para as pedras de arenito, os arqueólogos também descobriam mais objetos ao escavarem uma trincheira no local de 2,5 metros por 3,5 metros. Entre os objetos descobertos estão fragmentos de canecas, cerâmicas romanas e antigos martelos de pedra.

Da BBC

sábado, 5 de abril de 2008

Arqueólogos suecos encontram moedas árabes do século 7º


Arqueólogos da Suécia encontraram cerca de 470 moedas de prata de origem árabe perto do aeroporto Arlanda, em Estocolmo.Não se registra uma descoberta destas na região de Estocolmo desde 1880.As moedas foram encontradas na terça-feira em um túmulo datado da Idade do Ferro. As moedas, por sua vez, datam dos séculos 7º e 9º, quando comerciantes vikings viajavam muito pela Europa.A arqueóloga Karin Beckman-Thoor, da equipe do Patrimônio Histórico da Suécia, afirmou que a maioria das moedas foi feita em Bagdá e Damasco, mas algumas vieram da Pérsia e do norte da África.

Os vikings viajavam muito em seus navios longos pela região do Báltico e da Rússia, desde o século 8º até o 11. Eles eram conhecidos por terem alcançado lugares distantes como o norte da África e Constantinopla (atualmente, Istambul).Segundo a arqueóloga Karin Beckman-Thoor tesouros pertencentes aos vikings geralmente são encontrados na ilha de Gotland, no mar Báltico.A equipe do Patrimônio Histórico da Suécia realizava escavações nos arredores de Estocolmo e estava retirando uma pedra de um monumento funerário no local "quando de repente encontramos uma moeda e não conseguimos entender o que era", disse Beckman-Thoor à BBC."Continuamos escavando e encontramos mais moedas, percebemos que era um tesouro da era viking", afirmou. As moedas foram deixadas no local por volta do ano 850 D.C., disse a arqueóloga."Nenhum viking estava sepultado neste local - o túmulo é mais antigo. Talvez os vikings tenham pensado que o tesouro seria protegido pelos ancestrais", acrescentou Beckman-Thoor.Os vikings tinham um vilarejo nas proximidades do antigo túmulo.

Da BBC
Imagem meramente ilustrativa de moedas árabes do 9º Século

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Astecas tinham aritmética complexa para medir fazendas, afirma estudo


O mapa de Oztoticpac é uma das fontes usadas para decifrar a aritmética asteca (Foto: Library of Congress, Geography and Map Division)

Uma dupla de pesquisadoras desenterrou mais um sinal da complexidade científica e social dos antigos astecas, que dominaram boa parte do atual México até a conquista européia, no século 16. Com a ajuda de um sistema aritmético engenhoso, que empregava elementos parecidos com os das nossas frações, os escribas astecas conseguiam calcular com bastante precisão a área de terrenos e fazendas, mesmo quando os lados desses terrenos eram irregulares.

A descoberta de Barbara Williams, da Universidade de Wisconsin, e María del Carmen Jorge y Jorge, da Universidade Nacional Autônoma do México, está na edição desta semana da revista especializada americana "Science". A dupla vasculhou dois manuscritos produzidos entre 1540 e 1544, o Códice Vergara e o Códice de Santa Maria Asunción, que retratam censos de terra e de população na região central do México.

A data é o primeiro problema: afinal, a invasão e destruição do Império Asteca pelos espanhóis se deu em 1521. A chegada dos europeus não teria influenciado as técnicas nativas de agrimensura? "Não temos evidências de que os métodos tenham mudado depois do contato com os espanhóis", explicou Williams ao G1. "Fragmentos de outros documentos do mesmo tipo, mas pintados antes, mostram o mesmo estilo de agrimensura, com glifos [sinais desenhados] semelhantes", diz ela.

A pesquisadora americana diz que o registro meticuloso de terras parece ter sido uma característica antiga do Império Asteca: os administradores de cada vilarejo também atuavam como guarda-livros, atualizando constantemente os registros conforme os terrenos eram subdivididos, por exemplo.

Quebrando o código
E o que diz esse IBGE asteca? Um dado já era conhecido, a medição-padrão de comprimento e de área, apelidada de "vara de terra". Crônicas do começo da era colonial no México dizem qual é o glifo utilizado: pequenas linhas para uma unidade de comprimento e círculos preenchidos de preto para a unidade de área. Estima-se que a medida equivale a 2,5 metros. O curioso, porém, é que a notação não se resumia a eles.

Os manuscritos também apresentam números variados de flechas, corações, mãos e outros objetos, que pareciam ter relação com as medidas -- só não estava muito claro qual era esse elo. "Parece que esses glifos só eram usados nesse contexto de agrimensura", diz Williams.

Acontece que muitos dos terrenos medidos não tinham lados regulares, como os retângulos e quadrados que conhecemos. Nesses casos, para conseguir a área -- a medição em "varas de terra quadradas", digamos -- não basta só multiplicar o comprimento do terreno pela largura. É preciso usar métodos mais complicados, que envolvem coisas como dividir o terreno em dois triângulos a estimar a área total a partir daí.

Refazendo as contas necessárias para obter a área de cada fazenda irregular, as pesquisadoras perceberam que havia uma relação entre o formato dos terrenos e o uso das flechas, corações e outros sinais. Para ser mais exato, eles serviam para "fechar a conta" quando o método mais direto falhava -- algo parecido com medir um intervalo de tempo usando 20 minutos e 30 segundos, por exemplo. Para os propósitos do trabalho, era um método bastante preciso e aceitável.

Acredita-se que cada glifo correspondia a uma proporção definida da medida-padrão. "Não sabemos se outros povos da região, como os maias, usavam esse método. Mas é interessante notar que encontramos coisas parecidas na Mesopotâmia [atual Iraque], por volta do ano 2.000 a.C.", diz Williams.

Reinaldo José Lopes ,Do G1, em São Paulo

Cientistas encontram fezes de 14 mil anos nos EUA


Fósseis de fezes foram encontrados em caverna perto de lago


Uma equipe de cientistas internacionais encontrou fezes fossilizadas dentro de uma caverna nos Estados Unidos, o que pode ajudar a desvendar o mistério sobre quando os humanos chegaram às Américas.


As amostras teriam pouco mais de 14 mil anos e seriam do período anterior ao da Cultura Clovis, uma cultura pré-histórica da América que surgiu há cerca de 13 mil anos no final da última Idade do Gelo. Os homens da Cultura Clovis teriam sido os primeiros a habitar as Américas do Norte e Central. O período recebeu esse nome por causa dos artefatos encontrados perto da cidade de Clovis, no Estado americano do Novo México. Os 14 fragmentos fecais foram descobertos em uma caverna perto de um lago a noroeste do Estado de Oregon, entre outros sinais de ocupação humana. Entre os achados pré-históricos estavam cordas feitas com tendões de animais, fibras de plantas, peles de animais e estacas de madeira.

A presença desses artefatos em diferentes níveis das cavernas sugere que os locais tenham sido habitados por longos períodos.“Nós encontramos um pequeno poço em uma das cavernas, cheio de ossos de camelo, cavalos e carneiros das montanhas. Foi lá também que encontramos as fezes humanas fossilizadas”, disse Dennis Jenkins, da Universidade de Oregon, que coordenou uma equipe de escavação em 2002 e 2003. Os cientistas afirmam ter conseguido provar que as fezes eram humanas porque continham pequenas quantidades de DNA mitocondrial, material genético encontrado fora do núcleo das células e transmitido de mãe para filho.

Várias análises genéticas realizadas em diferentes laboratórios comprovaram que o DNA era humano e sugerem que os antigos habitantes da caverna tinham fortes laços de parentesco com grupos indígenas que viviam na Sibéria e no leste da Ásia. Essa tese, ligada a outras evidências, sugere que o homem tenha chegado às Américas vindo da Sibéria. E, de acordo com a idade das amostras, a migração teria ocorrido antes da emergência da Cultura Clóvis. Uma das questões agora é descobrir como os homens pré-Clovis conseguiram alcançar as Américas numa época em que o norte do continente era coberto por gelo. “Os primeiros humanos tiveram de andar ou velejar ao longo da costa oeste americana para passar em volta da grande placa de gelo”, disse Eske Willerslev, diretor do Centro para Genética antiga da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, que coordenou as investigações genéticas. “Ou então, eles chegaram tão antes da última Idade do Gelo, que a passagem por terra ainda não havia sido fechada pelas geleiras”.

As descobertas dos especialistas foram publicadas na revista Science.

Da BBC

terça-feira, 1 de abril de 2008

Escavações no Peru acham peças de ouro mais antigas das Américas


Reconstrução do colar de ouro e turquesa, feita pelos arqueólogos (Foto: Mark Aldenferfer/PNAS)


Aos nossos olhos, o vilarejo no alto dos Andes certamente pareceria paupérrimo, mas foi nesse povoado minúsculo que um grupo de arqueólogos americanos encontrou as mais antigas jóias de ouro das Américas. Com cerca de 4.000 anos de idade, os pingentes dourados também são a mais antiga prova do uso de metais no nosso continente.

O mais provável é que os pequenos objetos, composto de mais de 95% de ouro e pequenas quantidades de prata e cobre, tenham integrado um colar, ao lado de pequenos fragmentos de turquesa. A equipe liderada por Mark Aldenderfer, da Universidade do Arizona, encontrou o conjunto no túmulo de um indivíduo idoso (cujo sexo não pôde ser determinado) no sítio arqueológico de Jiskairumoko, na região sul do Peru.

Há 4.000 anos, Jiskairumoko, perto do famoso lago Titicaca, era ocupado por uma vila de pequenos agricultores, que plantavam batatas e outras culturas típicas dos Andes para sobreviver. Os arqueólogos, ao analisar o que sobrou do vilarejo, acreditam que os habitantes passavam boa parte do ano lá, mas ainda podiam se deslocar para outras paragens durante parte das estações.

As pepitas de ouro aparentemente foram trabalhadas com instrumentos e técnicas rudimentares, modificadas apenas para que fosse possível "enrolá-las" em tubinhos e colocá-las num colar (afinal, o ouro foi encontrado disposto em volta do pescoço do indivíduo idoso).

O surpreendente, porém, é que uma comunidade tão pequena e pouco centralizada já tenha começado a produzir adornos de ouro, considerados uma marca típica das sociedades mais centralizadas e hierarquizadas. Para os pesquisadores, trata-se de um indício de que a diferenciação social pode ter começado em estágios mais precoces das comunidades andinas do que se imaginava antes. A idéia é que adornar os mortos com objetos indicadores de prestígio reforça as diferenças entre determinados grupos da sociedade.

A pesquisa está na edição desta semana da revista científica americana "PNAS".

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo
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